ADÃO RIBEIRO
O problema é nacional e atinge toda a rede hospitalar: a dificuldade para comprar medicamentos. A questão não é necessariamente financeira, mas também de escassez de produtos, combinada com a elevação dos preços a partir da pandemia de Covid-19.
Gerente financeiro da Santa Casa, Marcelo Crippa confirma que há falta pontual de alguns itens, incluindo dipirona e anestésicos. Por enquanto a limitação não afetou o funcionamento do hospital. No entanto, tal possibilidade não se descarta, já que alguns medicamentos simplesmente não são encontrados no mercado em determinados momentos. “Risco sempre tem”, resume.
Outro problema é o aumento de preços dos medicamentos. Crippa cita que alguns itens foram majorados em até 300%. Na média são 40% de reajuste, tomando como referência o período pré-pandemia. Por causa desse cenário e da exigência do mercado de pagamento antecipado, os estoques ficam menores.
O tamanho do problema – Diretor-geral da Santa Casa de Paranavaí, Héracles de Alencar Arrais esteve em Curitiba na semana passada, onde participou da reunião do Conselho Estadual de Saúde, na condição de membro titular.
Nesta segunda-feira ele reiterou a preocupação com a situação financeira dos hospitais filantrópicos do País, incluindo as santas casas. Arrais confirma que só a liberação imediata de R$ 2 bilhões poderá reequilibrar as finanças. O valor foi repassado em 2020 para custear as despesas extras com a Covid-19. No entanto, não houve o mesmo aporte em 2021. Na avaliação do administrador, o Governo tem demonstrado boa vontade, mas ainda não se sabe de qual fonte sairá o dinheiro para a saúde. “É urgente”, sintetiza.
Outra preocupação é a votação do projeto de lei que reajusta os salários da enfermagem, através de piso nacional. Ele adverte que é favorável ao aumento, incluindo também outras categorias. No entanto, os hospitais não têm como bancar a majoração. Caso haja a confirmação, a expectativa dos hospitais filantrópicos é que o setor necessite de um novo repasse de pelo menos R$ 17 bi, caso contrário, a atividade ficará inviabilizada.
Na próxima quarta-feira, 4 de maio, a Câmara delibera sobre a criação do piso nacional da enfermagem, aprovado por unanimidade no Senado. O projeto de lei fixa piso salarial de R$ 4.750 para enfermeiras e enfermeiros, 70% desse valor para técnicas e técnicos em Enfermagem e 50%, para auxiliares e parteiras.