Quarta-feira, 26 de novembro de 2025. O relógio marca três horas da tarde. O termômetro indica a temperatura de 30 graus. Faz calor em Paranavaí, cidade sede da Feira Internacional da Mandioca (Fiman), agora na quarta edição. Uma movimentação chama a atenção de quem visita o evento no parque de exposições: no estande do Instituto Federal do Paraná (IFPR), é possível saborear o sorvete feito à base de mandioca.
A professora do IFPR, Campus Paranavaí, Tatiana Colombo Pimentel explica que o bagaço da mandioca utilizado na produção do sorvete é um subproduto da extração da fécula. “A gente secou esse bagaço, que tem fibra insolúvel, amido resistente e oligossacarídeos, fez toda essa caracterização e incorporou no sorvete.” Essa composição garante mais nutrientes do que o sorvete convencional.

Foto: Ivan Fuquini
O bagaço de mandioca extraído no processo industrial geralmente é aplicado na alimentação animal, mas, até agora, não apresentava grandes funcionalidades. Durante dois anos, professores e estudantes do IFPR de Paranavaí pesquisaram esse subproduto. “A gente precisa saber se não é tóxico, qual é o valor nutricional, então a gente foi fazendo essa parte preliminar, para depois incorporar no sorvete”, detalha. O resultado final foi alcançado há aproximadamente quatro meses.
O protótipo apresentado durante a Fiman foi desenvolvido por acadêmicos dos cursos de Agroindústria e Química. “Agora estamos fazendo a sensorial, e pelo jeito o pessoal está gostando, tem fila por aqui”, mostra a professora. E com a aprovação do público, é possível pensar também no aspecto comercial, especialmente porque, segundo ela, não há grandes problemas do ponto de vista regulatório.
Utensílios comestíveis
O sorvete à base de mandioca é servido em um copinho comestível acompanhado de uma colherinha também comestível, ambos feitos a partir do mesmo tubérculo. A exposição no estande inclui outros utensílios, tais como cápsulas, embalagens para armazenar alimentos e bandejas para ovos.
A produção dos itens comestíveis é resultado de pesquisas desenvolvidas dentro do Centro de Raízes e Amidos Tropicais (Cerat) da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Os estudos começaram há 20 anos, conta a pesquisadora Thaís Paes Rodrigues dos Santos. Desde então, os produtos foram passando por adaptações e recebendo novas formas.
“Dependendo da utilização de resíduos ou subprodutos, a gente consegue diferentes características dessas embalagens”, diz a pesquisadora. A produção para fins comerciais atende ao mercado brasileiro. “E qualquer inovação que seja necessária” complementa, “a gente pode conseguir com pesquisas na área”.

Foto: Ivan Fuquini
Fiman
A quarta edição da Fiman termina nesta quinta-feira (27). A programação se estende das 13h às 20h, e a entrada é gratuita. Além do saboroso sorvete de mandioca e dos utensílios comestíveis, os visitantes podem conferir novidades em equipamentos agrícolas, conhecer investidores nacionais e internacionais, prospectar negócios e assistir a diferentes palestras técnicas.







