Aleksa Marques / Da Redação
O cheiro de café dominava o ambiente. Tinha plantas e flores por todo o jardim. Dona Maria Anilda de Souza, de 93 anos, nos esperava sentada confortavelmente em sua cadeira de área, com uma jaqueta de frio aconchegante. Muito simpática nos recebeu com um sorriso no rosto.
A idade trouxe com ela suas rugas, cheias de vivências e incontáveis histórias para contar. Também, pudera, ela é mãe de 12 filhos, um já falecido, tem 18 netos, 15 bisnetos e uma filha de criação. O mais velho tem 67 e, o caçula, 51. “Nasci no Ceará, vim para Paranavaí depois dos 50, criei meus filhos e tenho memórias de todos eles brincando muito, em volta de uma mesa grande comendo”, diz ela que, mesmo tendo descoberto um Alzheimer, ainda está lúcida e com memórias de toda uma vida.
Quando pergunto a ela se fica feliz em ter criado todas aquelas crianças que, hoje, já são bem crescidas, ela, com um excelente bom humor, responde: “Menina, essa é a maior felicidade da minha vida! Olha o tamanho dessa tranqueira aqui”, disse enquanto apontava para a filha Jane de Souza, de 52 anos, que estava ao lado acompanhando a entrevista.
A filha, que tem 2 filhos, diz ficar muito contente em ainda ter sua mãe presente. “Ela é muito amorosa, uma mãe maravilhosa, a gente só tem a agradecer por tê-la como mãe.”
Além dos ensinamentos maternos que dona Anilda passou aos filhos, outros legados ficaram, como os da culinária. Como boa cearense que é, a mulher que está em busca de seus 100 anos, ensinou aos filhos o poder de um bom tempero na comida e também o uso do coentro, marcante na família. Além disso, diz que a mãe é famosa pela tapioca e pelo gosto pelas plantas.
“O jardim quem cuida é ela, ela ama plantas e faz tudo sozinha. Até pouco tempo, era ela quem lavava as próprias roupas”, explica a filha toda orgulhosa das atividades da mãe. Quis saber também sobre os desafios do século 21, como a criação dos filhos, se ela achava diferente e mais complicado. Ela, muito sábia, respondeu o seguinte. “Eu não vejo muita diferença entre aquela época e hoje, porque tem que ter respeito. Meus filhos tinham que me respeitar. E hoje, tem que ser igual. Se precisasse eu daria a vida por cada um deles, e, ainda hoje, sou a mesma mãe”, encerrou a frase com a mão próxima ao coração.
Neste Dia das Mães, Jane passará mais um ano ao lado da sua e rodeada do amor de seus próprios filhos.“Acho que a pessoa é mais feliz quando ela é mãe, a vida fica mais completa com a chegada de um filho”, diz radiante, enquanto olhava para dona Anilda, que é seu grande exemplo de vida.
“Dona Anilda, qual é o segredo para tantos anos de vida?”, pergunto curiosa. Ela, com toda animação e jovialidade de espírito, responde. “Tem que ser alegre, se divertir e viver em família. Ah, e eu nunca bebi nada alcoólico, acho que ajudou”, finalizou gargalhando.
Dona Anilda é um exemplo para todos nós de mulher, filha, mãe, avó e tantas outras denominações que superam palavras. Guerreira, forte que não se abateu ao descobrir a doença que leva embora lembranças de uma vida cheia de acontecimentos. Mesmo assim, ela luta dia após dia com toda sua garra, para rir dos acontecimentos mundanos em meio ao amor dos filhos.