(44) 3421-4050 / (44) 99177-4050

Mais notícias...

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Mais notícias...

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Compartilhe:
Carlos Alberto Pinto é diretor do IBPT e CMO do Empresômetro
Carlos Alberto Pinto é diretor do IBPT e CMO do Empresômetro

ARTIGO

A morte súbita das empresas do Simples já começou

*Carlos Alberto Pinto

Não é exagero dizer que estamos prestes a assistir a uma morte súbita das empresas do Simples Nacional. Não por causa de uma mudança legal explícita, mas por um movimento de mercado que já começou a exigir dessas empresas um nível de maturidade tributária, financeira e operacional que a maioria delas ainda não possui. Hoje, 74% dos negócios ativos no país estão no Simples, e a maioria mal sabe o que significa split payment, segregação de receita ou geração de crédito fiscal.

Essas empresas são, em sua maioria, jovens. Cerca de 40% delas têm até dois anos e 60% estão na categoria MEI. Elas nasceram de um impulso empreendedor, muitas vezes por necessidade, e se formalizaram em busca de oportunidades. Mas agora, com a nova lógica fiscal que se desenha, elas estão diante de um sistema que exige muito mais do que boa vontade e coragem. Elas precisarão entender de negócios, de cálculo, de cadeia de suprimentos e de compliance. E essa mudança não será gradual, será brusca.

A grande questão é que quem compra vai exigir crédito. E se a empresa do Simples não gerar esse crédito, será retirada da cadeia de fornecimento. É simples assim. Não adianta aumentar o teto de faturamento se o problema real está na estrutura, no comportamento e na falta de preparo. Muitas dessas empresas mal sabem quanto ganham, quanto gastam, e repassam informações subjetivas para seus contadores. Como competir nesse novo ambiente?

O impacto será maior no setor de serviços, que representa 62% das empresas do Simples. E aí mora o risco sistêmico: o país vai sentir na base da economia. Não podemos esquecer que é esse pequeno que conserta o ar-condicionado do prédio, que entrega a peça urgente, que atende o consumidor final. E ele será pressionado pelo topo da cadeia, não pelo governo. O contratante é quem vai determinar quem sobrevive e quem será cortado.

A provocação que deixo é objetiva. As empresas do Simples não vão desaparecer por uma decisão do Congresso, mas sim pela incapacidade de se manterem num mercado mais exigente. E não há mais tempo para esperar. Investir em adaptação é proteger o negócio. Tomar iniciativa agora é evitar perdas irreparáveis amanhã. O custo da inação é alto demais. A morte já começou, mas ainda dá tempo de evitá-la.

Sobre – O Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) foi fundado em 1992, se dedica ao estudo do complexo sistema tributário no país, sendo reconhecido pela adoção de uma linguagem clara e precisa à sociedade sobre a realidade tributária brasileira.

Compartilhe: