JULIA CHAIB
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou nesta sexta-feira (6) que não admitirá “retrocessos democráticos” e que há uma tendência do Congresso Nacional a rechaçar a mudança do voto eletrônico para o impresso, como defende Jair Bolsonaro.
Se isso ocorrer, avaliou Pacheco em entrevista à GloboNews, todos “haverão de respeitar” o resultado das eleições de 2022.
Na quinta-feira (5), uma comissão especial na Câmara rejeitou o relatório do deputado Filipe Barros (PSL-PR) favorável à PEC do voto impresso.
O parecer a favor da PEC foi rejeitado por 23 votos a 11. A seguir, o deputado Junior Mano (PL-CE) foi escolhido para fazer um novo parecer, que vai refletir a posição majoritária da comissão, contrária à mudança.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), indicou que pode levar o tema à análise do plenário, mas Pacheco avalia que o caso pode ser concluído ainda na Casa vizinha.
“O que se avizinha é uma solução com a votação na comissão da Câmara dos Deputados, um reconhecimento de que a tese do presidente, de seus apoiadores e parlamentares é uma tese que a princípio será vencida. Sendo vencida, todos aqueles que foram vitoriosos na tese, e derrotados na tese, haverão de respeitar, porque isso é democrático, o resultado das eleições de 2022”, afirmou Pacheco.
“O que não podemos é questionar a pretexto disso a lisura e legitimidade das eleições de 2022. Há uma tendência muito forte a partir dessa votação na Câmara que este assunto se encerre na Câmara. Caso não se encerre, o Senado, no seu momento oportuno, prevalecendo a maioria, decidirá a respeito desse tema”, continuou o presidente do Senado.
A declaração é dada em meio a declarações golpistas de Bolsonaro, que tem questionado a possibilidade de haver eleição no ano que vem caso o voto impresso não seja aprovado. O mandatário tem apontado, sem apresentar provas, que pode ter havido fraude no pleito de 2018.
Enquanto defende mudança no sistema eleitoral, o presidente também partiu para o ataque contra ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e do STF (Supremo Tribunal Federal).
Nesta sexta, na entrevista à Globonews, Pacheco repetiu que qualquer um que pregar que não haverá eleições em 2022 “será apontado como inimigo da nação”. Ele reafirmou confiança no sistema eleitoral brasileiro e se solidarizou com os que são alvos de ataque do presidente.
“Eu reafirmo a minha confiança no TSE e na Justiça Eleitoral, mas nunca deixei de considerar a possibilidade de discutir esse tema. Agora, o Congresso vai se pronunciar, e começou ontem numa comissão da Câmara dos Deputados dizendo que não se deve alterar o sistema eleitoral eletrônico no Brasil. E esse é o papel do Congresso, afirmar suas posições legislativas”, disse o senador.