Às vésperas do feriado de comemoração do centenário da abolição da escravatura no Brasil, ocorrida no dia 13 de maio do ano de 1.888, exatamente no dia 12 de maio de 1988, no “Bar do Tião”, onde atualmente é a Churrascaria Gaúcha, ao final de uma tarde de trabalho, num convidativo e merecido relaxamento, reuniram-se, como de costume, os amigos Caçapava, Zé Luiz do Fórum e o Delegado Dr. Ariovaldo.
Na troca de várias conversas, “molhando-se as palavras”, eis que surge uma grande ideia: O que poderia ser feito para marcar a data em nível municipal, já que a miscigenação no Brasil é uma feliz realidade, e no nosso município não é nada diferente?
Para a cidade migraram muitos gaúchos, catarinenses, paulistas, a maioria deles de descendência europeia, povos comumente de cor branca. Da mesma forma, o município conta também com inúmeros migrantes originários do norte do país: baianos, mineiros, pernambucanos, sergipanos, dentre outros. Estes predominantemente negros ou pardos.
Ressalte-se a importância econômica e social dessa migração para a colonização e o desenvolvimento do país.
Entre uma e outra “molhada de palavras”, surge a ideia “matadeira”: Por que não promover um jogo de futebol (já que o futebol era intensamente praticado em todas as regiões do país), e na época, representava grande movimentação de crianças, jovens e adultos?
O jogo seria entre duas equipes completamente distintas e que representaria justamente essa integração de raças e cores, consolidando o respeito, a aceitação e a pacífica convivência entre elas. Os jogos, por mais simples que fossem atraiam inúmeros torcedores às beiras dos campos. Afinal o esporte é o grande remédio para tantos males sociais.
A ideia então evoluiu para a promoção de uma grande partida de futebol entre “pretos” e “brancos”.
Algumas regras foram ali mesmo convencionadas:
* Não poderiam participar jogadores de campeonato amadores, muito comum na época;
* Preferencialmente seriam selecionados jogadores já fora da ativa (veteranos);
* Ex-jogadores das equipes amadoras e populares do município:
* Esporte Clube do Sarem
* Nova Londrina Esporte Clube
* Esporte Clube União
* limoeiro
* Cintra Pimentel
* Fazenda Marília
* Flamenguinho.
Coube então ao delegado Dr. Ariovaldo a organização da equipe dos “Brancos” e ao Caçapava e Zé Luiz do Fórum, a organização da equipe dos “Pretos”. Entretanto, eis que surge um “perrengue”: quem apitaria o jogo?
Não poderia ser um juiz negro e nem branco, justamente para evitar polêmicas de possível favorecimento a uma ou outra equipe.
Teria que ser um juiz neutro. Nem branco e nem preto?
Daí uma sacada sensacional: Por que não um juiz japonês?
Quem?
Foi convidado, então, o Mario Sekini, japonês, muito popular nos encontros dos amigos e proprietário da antiga Auto Elétrica Nissei.
Dos jogadores participantes, dentre outros, estavam: Toninho Grosso (Goleiro), Zé Luiz do Fórum, Caçapava, Paulo Borges, Cícero, Cidão, Joel Pé de Valsa, Dica, Paulinho Cara Preta, Manezinho Preto, Joaquim Fedô, Fininho e Alecrim.
O jogo passou a acontecer todos os anos, sempre no mês de maio, tornando-se uma tradição municipal, desde 1988, há 34 anos. Ficou batizado de “Jogo Preto e Branco”.