REINALDO SILVA
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Além das temperaturas mais baixas, o inverno é marcado por longos períodos de estiagem. “É o momento ideal para as prefeituras trabalharem a limpeza”, diz o chefe de Vigilância em Saúde da 14ª Regional de Saúde, Walter Sordi Junior. A estação que se aproxima, primavera, a partir de 22 de setembro, traz dias de temperaturas elevadas e maior volume de precipitação, condições que favorecem a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue e de outras doenças. O risco de epidemia existe. Dadas as características geográficas e climáticas, os surtos da doença sempre assumem grandes proporções no Noroeste do Paraná.
Como evitar que aconteça? Sordi Junior explica que é necessário promover ações preventivas. “Os municípios precisam agilizar as mobilizações de combate à dengue, envolvendo toda a comunidade.” Afirma que os gestores devem implementar políticas públicas de conscientização dos moradores sobre os cuidados básicos, por exemplo, limpeza frequente dos quintais, descarte correto de lixo e roçada de terrenos baldios.
As prefeituras também têm tarefas a cumprir. Além das orientações à população, é fundamental atualizar o plano municipal de contingência, que contém todas as etapas de prevenção e combate à dengue. O documento inclui a distribuição dos afazeres por secretaria e os procedimentos em caso de surto, epidemia e grande fluxo de pacientes com agravamento dos sintomas. De acordo com Sordi Junior, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) já enviou sugestões para cada município. “A prevenção custa menos do que a assistência médica.”
Até agora as atenções e os investimentos estavam voltadas, majoritariamente, para a pandemia, e com razão, pondera o chefe regional da Vigilância em Saúde, mas outros problemas continuam. Com o avanço da vacinação e a queda nos números da Covid-19, é hora de retomar as conversas sobre a dengue. “Estamos aplicando o monitoramento – um roteiro de inspeção, controle de vetor, vigilância epidemiológica, vigilância sanitária e assistência.” Os resultados serão enviados às administrações municipais, à Sesa e ao Ministério Público, para que façam os devidos acompanhamentos e tomem as medidas cabíveis.
Avanço epidemiológico – De agosto de 2020 a julho deste ano, o Noroeste do Paraná contabilizou 3.404 notificações de casos suspeitos de dengue. Desse total, 909 foram confirmados. Duas pessoas morreram por complicações da doença, uma em Paraíso do Norte e outra em Santo Antônio do Caiuá. Considerando somente a temporada de 3 de janeiro a 31 de julho de 2021, foram 750 confirmações. Os números são menores do que em períodos anteriores, mas uma análise semanal mostra que há constância nos diagnósticos positivos, ou seja, o vírus continua em circulação.
Medidas de controle – Walter Sordi Junior chama a atenção: uma pessoa contaminada com o vírus pode desencadear o surto. É que o mosquito transmissor da dengue pode se deslocar, em média, por 300 metros. A reação em cadeia pode fugir ao controle caso as medidas corretas não sejam adotadas.
Cumpridas todas as etapas de prevenção, com a eliminação de criadouros do Aedes aegypti, é necessário fazer o monitoramento. Nessa etapa, o papel dos moradores é fundamental. Sempre que apresentar sintomas de dengue, o paciente deve buscar atendimento médico para fazer a testagem. Comprovada a presença do vírus, inicia-se a fase de bloqueio, para não deixar que a doença se espalhe, com limpeza dos imóveis, acompanhamento dos moradores do entorno e, até mesmo, pulverização de veneno para eliminar os vetores.