A conquista do status de área livre de febre aftosa sem vacinação e, principalmente, a manutenção da chancela expedida pela Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) após um ano, data celebrada nesta terça-feira (31), em cerimônia no Palácio Iguaçu, tem uma protagonista: a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar).
Órgão responsável pelo sistema estadual de defesa sanitária, a Adapar completou 10 anos em dezembro com a atenção voltada para o futuro, em um planejamento de médio e longo prazo que vai além da atuação direta na conservação do reconhecimento que permite ao Paraná avançar sobre novos mercados na comercialização da proteína animal.
A agência prioriza a capacitação técnica, o avanço tecnológico, a digitalização e a automação como pilares da próxima década na expansão de um ambiente favorável de negócios.
“O Paraná tem uma missão estratégica, que é produzir e também garantir a segurança alimentar. E para isso a Adapar é fundamental. São 10 anos de vigilância 24 horas por dia para garantir a sanidade e a qualidade de tudo o que é produzido aqui. É inevitável que quanto mais saudável for o ambiente, maior será a venda”, destacou o governador Carlos Massa Ratinho Junior.
“Queremos ir além de produzir o alimento, queremos industrializá-lo e entregá-lo para o mundo embalado e resfriado. Algo que só é possível com o olhar atento da Adapar”, acrescentou.
Para ampliar o protagonismo, a agência investe na recomposição e ampliação do quadro funcional. Neste mês foram nomeados 25 médicos veterinários e 13 técnicos de manejo e meio ambiente. Eles começam a trabalhar nesta quarta-feira (01). Também foi divulgado o Edital 001/2022, dando início ao Processo Seletivo Simplificado (PSS) para a contratação de mais 34 técnicos agrícolas.
Treze regionais da Adapar também receberam veículos novos que ajudarão no trabalho de vigilância sanitária realizado no Estado. Os carros, adquiridos com recursos próprios da instituição, substituem outros que não atendem mais as necessidades dos servidores.
“A Adapar é o braço responsável por tudo isso que está acontecendo. Produzir sanidade é uma responsabilidade de todos, mas a condução do processo e o olhar técnico vêm da agência de defesa. Criamos a agência em 2011 para fortalecer a nossa capacidade de ação, agora queremos avançar, ampliação nossa ação nas mais de 30 barreiras sanitárias que existem no Estado”, afirmou o secretário estadual da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara. “É muito relevante não relaxar na vigilância, no monitoramento e na ação técnica para sustentar o conceito de área livre”.
Ao falar aos servidores da Adapar, Ortigara agradeceu o empenho para que o Estado tenha produtos com alto padrão de qualidade. “Vocês são um elo muito importante das cadeias animal, vegetal, madeira, pois tudo é relevante, e tem de estar atento a todas essas questões que podem afetar a nossa imagem, o nosso desempenho, a nossa dinâmica econômica”, afirmou. “Esse aqui é um esforço de atualização no tempo, pois o carro é uma ferramenta importante de trabalho junto com outras tecnologias que precisam vir para o nosso meio.”
Avanços – A agência, destacou o diretor-presidente Otamir Cesar Martins, foi criada em 20 de dezembro de 2011 para ser o órgão oficial de defesa agropecuária. É responsável, citou ele, pelos requisitos de manutenção do atual status sanitário e promoção das condições para que novos status sejam conquistados pelo Estado.
Dessa forma, se constitui em instituição primordial para, em parceria com o setor privado, proporcionar ambiente favorável na conquista de novos mercados nacionais e internacionais. “É mais uma sinalização importante e necessária de que levamos muito a sério a defesa agropecuária no Estado”, disse Martins.
“Sem a Adapar não seria possível ter um sistema eficiente de controle, praticamente impossível manter a qualidade do rebanho”, reforçou o sócio-proprietário da Agro Laranjeiras, Jorge Munari.
A empresa está se instalando uma nova maternidade de leitões em Laranjeiras do Sul, no Centro-Sul do Estado. Com investimento de R$ 480 milhões, vai criar em torno de mil empregos dentro da cadeia de suínos. “O Paraná foi quem deu o maior salto tecnológico no setor de suínos nos últimos anos, por isso nosso investimento”, destacou.
Estruturação – Desde que o último foco de febre aftosa foi confirmado, em 2006, o governo estadual e o setor produtivo se organizaram para melhorar a estrutura sanitária paranaense, o que inclui, além da criação da Adapar, o reforço da fiscalização nas divisas, a contratação de profissionais por meio de concurso público e o controle dos animais.
A imunização contra a aftosa no Estado foi interrompida em 2019 e a campanha de vacinação, que acontecia duas vezes por ano, foi substituída pela campanha de atualização de rebanhos. Nos últimos anos também foi realizado um inquérito epidemiológico, com coletas de amostras do sangue de quase 10 mil animais em 330 propriedades rurais, provando que o vírus já não circula no Paraná.
O Estado, maior produtor e exportador de proteína animal do País, com liderança em avicultura e piscicultura, se beneficia do reconhecimento internacional com a abertura de mercados para a carne paranaense e outros produtos de origem animal, com a possibilidade de comercialização a países que pagam melhor pelo produto, como Japão, Coreia do Sul e México.
“Há 10 anos éramos um departamento que se tornou uma agência. Uma agência com autonomia, prestígio e reconhecimento. Pensamos em uma Adapar do futuro, buscando a digitalização e a tecnologia para melhor proteger o sistema sanitário paranaense”, acrescentou Otamir Martins.
“Nosso trabalho é evitar a entrada de doenças de alto impacto na saúde pública e animal e controlar as doenças endêmicas que temos no Estado. Somos mais de 200 veterinários no Estado em processos de fiscalização focados em garantir o controle sanitário”, completou o gerente de Saúde Animal da Adapar, Rafael Gonçalves Dias.