A pesquisa mensal feita pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) para medir o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) somou 58,3 pontos em maio. Resultado bem parecido com o obtido em janeiro (58,4). De lá para cá, o indicador sofreu oscilações, mas desde março está em leve tendência de alta, acima dos 50 pontos (zona de otimismo), numa escala que vai até 100. O estudo aponta que, principalmente por conta das condições da economia e dos negócios desde dezembro, o indicador melhorou nos últimos três meses.
O ICEI é composto pelo índice de condições, que avalia os últimos seis meses, e de expectativas, que analisa o período futuro. Em maio, o primeiro chegou a 51,5 pontos enquanto o outro ficou em 61,7 pontos. “O resultado é reflexo de uma melhora nas condições do setor de comércio e serviços, que se reflete em aumento da produção nas indústrias e de vagas no mercado formal de trabalho. Um empresário mais otimista costuma contratar mais”, explica o economista da Fiep, Evânio Felippe. “Com renda certa, o consumo das famílias aumenta e isso impacta na demanda de produção nas fábricas”, resume.
Ele cita ainda que o saque extraordinário do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) também contribuiu para incentivar o consumo, aumentando a percepção positiva do empresário sobre a economia. Mas, para o economista, o segundo semestre será um período mais desafiador por conta de fatores macroeconômicos e por se tratar de um período pré-eleitoral. “Os indicadores mostram que a inflação está alta e que o nível de preços está resistente. Não se sabe quanto tempo essa situação deve durar”, complementa.
Felippe explica que para conter o avanço da inflação, o Banco Central vem subindo constantemente a taxa básica de juros (Selic) da economia mês a mês, o que penaliza o consumo. “Esse cenário desfavorável já perdura por algum tempo e preocupa porque o segundo semestre é o período em que a indústria se prepara para aumentar a produção para atender à demanda do comércio no fim do ano”, justifica.
A alta nos custos de produção, matérias-primas e do petróleo, e a guerra na Ucrânia, que impactou o mundo todo e não tem prazo para terminar, geram incertezas para o futuro. “Todos esses fatores desestimulam o consumo e deixam o empresário cauteloso. Ele segura os investimentos e aguarda um período mais favorável para fazer novas contratações”, pondera o economista.
Sondagem – A pesquisa mensal da CNI, referente a abril, que impacta a percepção do empresário no mês seguinte, revela um empresário mais conservador. Cerca de 77% dos participantes responderam que o volume de produção deve diminuir ou ficar estável em relação ao resultado do mês anterior. Sobre a evolução do emprego, 69% dos entrevistados devem manter o quadro de funcionários nos próximos seis meses. O resultado mais expressivo foi com relação à compra de insumos e matérias-primas. 86% devem manter ou aumentar a quantidade nos próximos meses. “Esse movimento é reflexo do período de maior produção da indústria para atender à demanda de maior consumo no fim de ano”, conclui Felippe.