PALOMA CUSTÓDIO
BRASIL 61
O Estado do Paraná precisa qualificar 833,5 mil trabalhadores em ocupações industriais nos próximos três anos. A informação consta no Mapa do Trabalho Industrial 2022-2025, compilado pelo Observatório Nacional da Indústria da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Do total, 163,9 mil deverão se capacitar em formação inicial – para repor os inativos e preencher novas vagas – e 669,6 mil já possuem uma formação ou estão inseridos no mercado de trabalho, mas precisam se aperfeiçoar.
O gerente executivo do Observatório Nacional da Indústria, Márcio Guerra, afirma que a qualificação profissional é crucial tanto para os trabalhadores que já estão empregados quanto para aqueles que estão fora do mercado de trabalho.
“O aperfeiçoamento deve ser uma estratégia para todos os profissionais. O aprendizado ao longo da vida passa a ter um papel fundamental no mercado de trabalho nos dias de hoje.”
No Paraná, a demanda pelo nível de capacitação até 2025 será de: qualificação (menos de 200 horas): 487.119 profissionais; qualificação (mais de 200 horas): 165.253 profissionais; técnico: 124.954 profissionais; e superior: 56.222 profissionais.
Em volume, ainda prevalecem as ocupações com nível de qualificação, cerca de 78% do total. Mas, segundo Márcio Guerra, houve crescimento da demanda por formação em nível superior.
“O nível superior cresce sem dúvida a uma taxa muito elevada. Então, é preciso entender que fazer educação profissional não é o fim de uma trajetória. Profissionais que fazem qualificação profissional, fazem curso técnico e depois caminham para o ensino superior são profissionais extremamente valorizados no mercado de trabalho, pela experiência, pela prática e também pela formação”, avalia.
Áreas de formação – No Paraná, as áreas que mais vão demandar profissionais capacitados, tanto em formação inicial, quanto continuada, são: transversal: 183.439 profissionais; metalmecânica: 119.210 profissionais; logística e transporte: 116.695 profissionais; alimentos e bebidas: 103.298 profissionais; construção: 78.025 profissionais; têxtil e vestuário: 54.500 profissionais; tecnologia da informação: 28.966 profissionais; Aautomotiva: 26.868 profissionais; madeira e móveis: 22.999 profissionais; e eletroeletrônica: 19.248 profissionais.
O gerente executivo do Observatório Nacional da Indústria, Márcio Guerra, destaca a relevância das ocupações nas áreas transversais. “Ou seja, aquelas ocupações coringas, aquelas profissões que são absorvidas por diversos setores da economia, que vão desde o setor automotivo até o setor de alimentos. No que diz respeito às áreas, vale destacar também aquelas profissões que estão relacionadas com a indústria 4.0, relacionada a automação de processos industriais.”
Ele também explica que há diferenças nas áreas de formação mais demandadas entre os estados. Isso se deve à dimensão do país e à complexidade da economia brasileira. Segundo Márcio Guerra, a heterogeneidade de recursos e de produção acaba refletindo essas características.
“Nós sabemos que, em alguns estados, há uma concentração industrial maior e em outras regiões, como a região Norte, há uma dispersão maior. Então a estrutura industrial, ou seja, os setores que são predominantes em determinadas regiões são diferentes.”
Mapa do Trabalho Industrial – De acordo com o Mapa do Trabalho Industrial 2022-2025, o Brasil precisa qualificar 9,6 milhões de trabalhadores em ocupações industriais nos próximos três anos. Márcio Guerra explica que a projeção considera o contexto econômico, político e tecnológico do país.
“A partir da inteligência de dados, o objetivo do mapa é projetar a demanda por formação profissional de forma que essa informação sirva, não só para o Senai, mas também para uma discussão mais ampla sobre qual vai ser a demanda futura de profissionais no mercado de trabalho. É muito importante para a sociedade conhecer quais são as tendências, quais são as áreas que tendem ao maior crescimento, sobretudo na sua localidade, mas também entender quais profissões têm mais relevância, mais demanda, para que ele possa planejar a sua trajetória de formação profissional”, explica.
O deputado federal Ricardo Barros (PP-PR) afirma que um dos pilares do Programa Auxílio Brasil é a qualificação profissional dos jovens das famílias assistidas.
“Com certeza haverá capacidade técnica e financeira para a qualificação das pessoas para o mercado de trabalho. Os profissionais que já estão em idade de trabalho podem procurar o Sistema S, que possui muitas vagas para qualificação profissional.”
Em maio deste ano, o governo federal publicou o Decreto 11.061, que pretende criar 100 mil novas vagas de aprendizagem profissional. A prioridade será o público beneficiado pelo Auxílio Brasil, adolescentes em acolhimento institucional e provenientes do trabalho infantil.