O Câmpus Regional do Noroeste (CRN), da Universidade Estadual de Maringá (UEM), localizada em Diamante do Norte-PR, a 160 quilômetros de distância do câmpus-sede, lançou nesta terça-feira (7) mais uma variedade de mandioca, a BRS 429, desenvolvida por meio de trabalho conjunto com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Para o vice-reitor da UEM, Ricardo Dias da Silva, o lançamento da nova cultivar é um dia de comemoração produtiva para a pesquisa e para a região de Diamante do Norte. “É uma honra participar desse evento já que um dos pilares da instituição é o desenvolvimento regional e a Universidade tem um papel importante na transformação do nosso Estado, desenvolvendo novos conhecimentos, pesquisas, estudos, projetos de extensão e formando profissionais”, mencionou. Dias ainda citou que “o CRN tem esse desafio em fortalecer a presença da nossa instituição no interior do Paraná”. O professor aposentado da UEM Sabino Leônidas, um dos precursores da pesquisa experimental em Diamante do Norte também foi lembrado pelo vice-reitor da UEM.
A diretora do CRN da UEM, Alciony Andréia da Cunha Alexandre, comentou que o desenvolvimento do projeto da mandioca é considerado satisfatório para a região sendo a terceira variedade de mandioca de mesa cultivada no Paraná pela Embrapa em parceria com o CRN e a primeira do Estado de São Paulo. Ela acredita que “os agricultores familiares vão multiplicar esse produto rural para a mesa dos consumidores”. E ainda comentou que “sem a contribuição e participação de agricultores, da equipe de pesquisadores, técnicos, professores e servidores do CRN não seria possível ter esse sucesso nessa pesquisa rural”.
Para a secretária e Agricultura, Meio Ambiente e Turismo, Maysa Suguiyama, que já trabalhou no CRN, a parceria entre Embrapa e o campus regional mostra que a pesquisa também pode ser feita no interior do estado. “A nova variedade de mandioca é a colheita mediante parcerias, trabalho científico e estudos de ponta”, citou.
O chefe adjunto do setor de Gestão de Transferência e Tecnologia, da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Helton Fleck da Silveira, relaciona que a BRS 429 é de excelência já que o trabalho no local foi uma troca de conhecimentos que prosseguirá com uma grande contribuição para toda a região. “Superamos resiliências, etapas difíceis, muita dedicação e o resultado de centenas de materiais passaram por aqui e agora é um momento de comemoração”, resumiu.
O pesquisador da Embrapa, Aldo Vilar Trindade, disse que é por meio da tecnologia que é possível promover mudanças “desde o produtor, estudante, até aos consumidores. É um momento máximo, fruto de tantos anos de trabalho. Em função disso, agradecemos a parceria, como aporte de conhecimento e de esforços tanto da Embrapa, quanto da Universidade e de agricultores, dos quais seria impossível consolidar esse trabalho de pesquisa e que agrega vantagens na produção e consumo de um alimento saboroso”, argumentou.
Para o pesquisador Eduardo Alano Vieira, da Embrapa Cerrados, a nova variedade de mandioca oferece tratos culturais, alta produtividade e precocidade, além de boas qualidades culinárias. “Com a pesquisa e a parceria técnica, chegamos até essa ramificação de boa altura e de qualidade na mesa do consumidor”, afirmou.
O prefeito de Diamante do Norte resumiu o sentimento: “Estamos muito felizes e honrados do nosso município sediar tão importante evento para a agricultura e desenvolvimento regional como um todo. Acreditamos que os ganhos para nossa região serão imensos”, disse Eliel Correa.
Convênio: O convênio entre as duas instituições de pesquisa Embrapa e UEM iniciou no ano de 2009 (com a parceria firmada há mais de uma década) e foi renovado no ano passado (2021) para melhoria e desenvolvimento genético da mandioca, importante alimento na mesa dos brasileiros. O viveiro da chamada planta básica, que foi desenvolvida no CRN, em Diamante do Norte, de acordo com os técnicos do setor, atingiu uma ramificação alta, quase um metro e meio de cumprimento, na primeira ramificação.
Segundo pesquisadores, essa nova cultivar de polpa amarela se destaca pelo desempenho culinário e sabor. “A produtividade média é quase 50% maior em relação às variedades tradicionais produzidas na Região Noroeste, além de ter potencial para superar 60 toneladas por hectare”, mencionaram.
De acordo com os estudos da Embrapa, entre outras características, a variedade BRS429 se destaca pela alta produtividade, precocidade, polpa de coloração bem amarela, o que garante a presença de maior quantidade de betacaroteno (precursor da vitamina A), que é preferida dos consumidores, além de raízes com tamanho ideal para o plantio mecanizado, de resistência à bacteriose e ao super alongamento. “A variedade de mandioca de mesa ainda permite o cozimento mais rápido”, comentaram os pesquisadores.
O pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Marco Antonio Sedrez Rangel, disse que “a variedade BRS429 é superior em comparação com a cultivar convencional e, os resultados dos testes de validação da produção foram considerados satisfatórios para essa região do Paraná e São Paulo”.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Rangel relembra que, por meio da parceria, já foram selecionadas e lançadas as variedades BRS 396 e BRS 399. “Elas se caracterizam por ter polpa amarela e teores bem mais altos de carotenoides, que contribuem para a síntese de vitamina A no corpo. São variedades muito produtivas, adaptadas, resistentes às principais doenças, com sabor superior e aptas ao preparo de outros pratos, como bolos, salgados, chips, escondidinhos, nhoques, entre outros”. Chefs de cozinha têm testado e aprovado essas variedades e a procura por ramas para o plantio é intensa em todo o Brasil.
Produção vantajosa – A diversidade da mandioca de mesa permite, de acordo com os pesquisadores, um banco de variedades adaptadas à região, atendendo aos produtores familiares do Paraná e São Paulo.
O produtor de Diamante do Norte, João Augusto Leonardo Barbosa, de 34 anos de idade, mantém o plantio de dois hectares de mandioca amarela em sua propriedade, do tipo Diamante Dourada, que foi adaptada e selecionada pelo seu avô, de princípio para o consumo interno, e que agora já comercializa para os consumidores da região. “Rende duas vezes mais em comparação por alqueire”, garantiu.
O agricultor produz e vende ainda mandioca branca para indústria de amido e na propriedade tem criação de gado. Barbosa argumenta que a introdução da nova variedade de cultivar vai trazer mais rentabilidade e agregar valor no mercado. “Estamos acompanhando de perto os estudos da BRS 429 e pretendemos aumentar a área de plantio em nossa propriedade”. Além disso, ele acrescentou que “a pesquisa é fundamental para a produção já que a variedade da mandioca amarela aceita o plantio mecanizado e vantajosa. É um incentivo a mais para a diversificação”.
Participações – Participaram do lançamento: o analista Helton Fleck da Silveira, que é chefe adjunto do setor de Gestão de Transferência e Tecnologia, da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Aldo Vilar Trindade e Luis Eduardo Pacifici Rangel, pesquisadores da Embrapa, o vice-reitor da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Ricardo Dias, a diretora do Câmpus Regional do Noroeste (CRN), Alciony Andreia da Cunha Alexandre, o diretor adjunto do Centro de Ciências Agrárias da UEM, Carlos Alberto Andrade, o diretor do Colégio Estasdual Agrícola do Noroeste, Ivo Suzuki, o professor do Departamento de Agronomia da UEM, Murilo Fuentes Pelloso e o técnico do CRN, Luiz Alexandre Filho Santos, além do gerente da Mesorregional do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater (IDR-Paraná), José Jaime de Lima e a secretária de Agricultura, Meio Ambiente e Turismo, Maysa Suguiyama, de Diamente do Norte. Também participaram da solenidade de lançamento da nova cultivar de mandioca, os prefeitos Eliel dos Santos Corrêa, do município de Diamante do Norte; Eliel Celso Maggioni, de Planaltina; Julio Leite, prefeito de Terra Rica (também presidente da Amunpar- Associação dos Municípios do Noroeste Paranaense); Gilson José de Gois, de Itaúna do Sul; José Gabriel Gonçalves Fachiano, de Santo Antônio do Caiuá; e Mauro Lemes, de Amaporã. Estiveram presentes ainda alguns vereadores de Diamante do Norte (sargento Santos, Rubens Ferreira e João Lourenço da Silva), e contou com a presença do representante do deputado estadual Tião Medeiros (Douglas Arneiro), estudantes, produtores rurais da Região Noroeste do Paraná e do Pontal do Paranapanema de São Paulo.