Se quisermos saber como é Deus, temos que olhar a Bíblia em termos de Revelação: “Deus quis, “em sua bondade e sabedoria revelar-se a Si mesmo” (Dei Verbum 2). “Levado por seu grande amor, fala aos homens como a amigos”. É alguém que se revela: trata-se de uma relação pessoal, não é um conjunto de normas e doutrinas. Diz também que a revelação “se concretiza através de acontecimentos e palavras,” (D.V 2). E é assim ainda hoje. Deus se comunica conosco através da Palavra das Escrituras, mas ele fala também na vida. Nós cantamos: “Toda a Bíblia é comunicação de um Deus Amor, de um Deus Irmão é feliz quem crer na Revelação quem Deus no coração”. Lógico que para se comunicar Deus usou, melhor inspirou muita gente para ser instrumento da sua comunicação, mas achou um jeito surpreendente e completo para isto: a pessoa de Jesus (Jo 12,45; 14,9), Cristo é ao mesmo tempo mediador e plenitude de toda a Revelação.(D.V. 2).
Temos que acompanhar o processo da Revelação, tendo falado pela natureza criada, a partir de certo tempo, Deus quis um povo-sinal, um povo instrumento para fazer uma comunicação especial. Aí chamou Abraão e Sara, os patriarcas e matriarcas, Moisés, os Profetas para que lessem a sua presença na história. O povo descobre a experiência de Javé, o Deus de Abraão, o Deus dos Pais, o Deus do Caminho. Têm também a experiência do Libertador (Egito e Babilônia), do Deus Criador. Canta e louva a fé no seu Deus como mostra Dt 6,4-9. Certos atributos de Deus no A.T. como: Libertador, Redentor, Salvador, Compassivo, Misericordioso e a predileção pelos pequenos (pelo órfão, a viúva, o estrangeiros, os pobres), estão presentes também em Jesus. A expressão “Eu Sou” usada por Jesus é equivalente a: “Javé, Aquele que é”. Jesus ensina a rezar: Quando rezardes dizei: “Pai Nosso”. “Meu Pai e vosso Pai”. Santo Agostinho diz: “Uma vez que o Verbo se fez Carne, tudo no Verbo Encarnado, se tornou verbo para nós, quer dizer, palavra reveladora do Pai”.
Jesus é o Revelador do Pai porque é o Filho Unigênito de Deus (Jo 1,14; 3,16-18). “O Filho unigênito está voltado para o seio do Pai” (Jo 1,18). O Filho unigênito na sua relação com o Pai é ao mesmo tempo Revelador e o Revelado. “O Pai amou tanto o mundo que deu o seu unigênito Filho. (Jo 3,16).
“O Filho não faz nada que não veja o Pai fazer” (Jo 5.19). “O Filho diz ao mundo o que ouviu do Pai” (Jo 8,38). Faz o que o Pai lhe ensinou. Mas também é o Filho “que o Pai ouve sempre” (Jo 11,42). O Filho e o Pai são um só. (Jo 10,30; 17,22). A Hora do filho culmina no encontro com o Pai, a “Hora” de passar deste mundo ao Pai (Jo 13,1). “Pai, vou para Ti (Jo 17,11). É o regresso do Revelador: “Vai para aquele que o enviou. (Jo 16,5). O regresso do “Único Filho” ao seio do Pai, como à origem do seu Ser e de sua vida.
JESUS REVELOU QUE DEUS É “PAI” num sentido não somente enquanto Criador, mas é eternamente Pai em relação a seu Filho único, que só é eternamente Filho em relação a seu Pai: “Ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mt 11,27). É por isso que os apóstolos confessam Jesus como “O VERBO” que “no início estava junto de Deus” e que “é Deus”.(Jo 1,1) como “a imagem do Deus invisível” (Cl 1,15), como “o resplendor de sua glória e a expressão do seu ser” (Hb 1,3). “O Filho único de Deus, gerado do Pai antes de todos os séculos, luz de luz, Deus Verdadeiro de Deus Verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai”. (Constantinopla 381) O PAI E O FILHO REVELADOS PELO ESPÍRITO… Antes de sua Páscoa, Jesus anuncia o envio de “outro Paráclito” (Defensor), o Espírito Santo. Em ação desde a Criação, depois de ter outrora “falado pelos profetas”, ele estará agora junto dos discípulos e neles, a fim de “ensiná-los e conduzi-los” à verdade inteira. (Jo 16,13) O Espírito Santo é assim revelado como outra pessoa divina em relação a Jesus e ao Pai. A origem eterna do Espírito revela-se em sua missão temporal. O Espírito Santo é enviado aos apóstolos e à Igreja tanto pelo Pai, em nome do Filho, como pelo Filho em pessoa, depois que este tiver voltado para junto do Pai. (Jo 14,26) O envio da pessoa do Espírito após a glorificação de Jesus, (Jo 7,39) revela em plenitude o mistério da Santíssima Trindade. A fé apostólica no tocante ao Espírito foi confessada pelo 2º Concílio Ecumênico de Constantinopla, em 381: “Cremos no Espírito Santo, que é Senhor e que dá a vida, ele procede do Pai”, “Com o Pai e o Filho recebe a mesma adoração e a mesma glória”.(Catecismo da Igreja Católica nºs. 240-245))
É professando a fé na Santíssima Trindade que iniciamos a celebração da Eucaristia: “A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus Pai e a Comunhão Espírito Santo estejam com todos vós” (2 Cor 13,13; 1Cor 12,4-6).
Frei Filomeno dos Santos O.Carm.