ADÃO RIBEIRO
Deputado estadual com segundo mandato consecutivo, Ricardo Arruda esteve na região e visitou o Diário do Noroeste na última quinta-feira. Com respostas rápidas e assumidamente de direita, ele pede que a classe política tenha sinceridade. Um exemplo prático citado por ele é o hábito que os parlamentares têm de assumir obras e benefícios como seus, sabendo-se que são ações características do Poder Executivo.
Outro aspecto citado por Arruda para distinguir os políticos é acompanhar como cada um vota na Assembleia Legislativa. Opinando que em 80% do tempo a Assembleia vota temas menos relevantes, Arruda adverte que a população deve acompanhar o posicionamento do parlamentar em assuntos determinantes para a vida dos paranaenses. Fala do caso dos cartórios, cujas taxas subiram com apoio amplo parlamentar.
Arruda concorda que seus projetos são polêmicos, mas com grande alcance social. Um deles foi o que liberou pagamento de pedágio nas rodovias para pessoas com doenças graves degenerativas. Foram beneficiadas milhares de famílias, defende.
Também é de sua autoria a lei que acabou com o passaporte sanitário no Paraná. Como entende, não tem sentido restringir o acesso por conta de vacinação. Cita o caso específico de um pai que foi barrado em hospital público quando pretendia acompanhar a esposa no parto. Ele detalha que fez intervenção pessoalmente, garantindo o direito da família.
Evangélico ligado à Igreja Mundial do Poder de Deus, Arruda é autor do projeto de lei em trâmite na Assembleia que veda a chamada ideologia de gênero nas escolas (pensamento que sustenta a liberdade de gênero). Para ele, o professor deve ministrar a sua aula obedecendo o programa escolar, sem entrar em tais conceitos, passando ideias que considera não corretas para as crianças.
Nacional – Filiado ao PL e defensor do presidente Jair Bolsonaro, o parlamentar também é contra a prática de professores que abordam ideologias políticas nas escolas.
Sobre a corrida presidencial, o parlamentar contesta os resultados das pesquisas que colocam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na liderança. Exemplifica que Bolsonaro atrai multidões em seus eventos, enquanto Lula, na sua visão, estaria praticamente isolado nas viagens que faz pelo país.
Ele critica as urnas eletrônicas e pede mais transparência. Adverte que o presidente Bolsonaro pode “levar um golpe”. Nesta visão, as eleições seriam preparadas para favorecer Lula. O contra-ataque do atual presidente pode ser dado nas ruas, com grandes manifestações, antecipa. Ele diz ainda que o presidente Bolsonaro tem apoio para se levantar contra a “insegurança” das eleições.
Arruda também defende o presidente quando o assunto é crise financeira. No caso dos combustíveis, culpa o PT pelo modelo de sociedade existente na Petrobras. Na justificativa, argumenta que o PT abriu o capital da empresa e agora, embora minoria, os acionistas privados têm mais dinheiro e exercem mais influência do que o Governo brasileiro, detentor de 50,4% das ações. “Por que o PT votou contra a CPI da Petrobrás?”, questiona.
Duplicação da BR-376 – O deputado Ricardo Arruda se revela entusiasta da meta de duplicação da BR-376 e a interligação via ponte com o Mato Grosso do Sul. O projeto já foi encomendado numa parceria do Governo do Estado e os custos serão por conta da Hidrelétrica Itaipu Binacional.
Ele destaca o papel determinante da Sociedade Civil Organizada, que lançou a ideia e, mesmo contra outros interesses, sustentou a defesa da interligação. Arruda entende que será de grande importância para o Paraná.
Com domicílio em Curitiba, Ricardo Arruda pede mais atenção ao interior. Justifica que a capital e a Região Metropolitana já são estruturadas. Por isso, os grandes investimentos em infraestrutura devem beneficiar especialmente o interior.
Pedágio – Sobre a implantação de praças de pedágio e concessões de rodovias, o parlamentar quer rever o modelo implantado há 25 anos, considera que foi desfavorável ao povo paranaense. Para tal, defende uma contagem real do fluxo de veículos e investimentos por parte das empresas para só então se chegar ao valor dos pedágios. Uma das propostas é criar o conselho de usuários, capaz de monitorar a formação e a aplicação das regras.
Na visita ao DN, o parlamentar esteve acompanhado do paranavaiense Demerval Silvestre, coordenador da Sociedade Civil Organizada do Paraná (Socipar) e do coordenador político Diego Viana.