JULIANNE CERASOLI
DA UOL/FOLHAPRESS
O piloto da Red Bul Max Verstappen falou pela primeira vez sobre o termo racista usado por seu sogro, Nelson Piquet, ao se referir a Lewis Hamilton, da Mercedes. A declaração foi feita nesta quinta-feira (30), nos bastidores do GP da Grã-Bretanha, que acontece nesse fim de semana.
“Provavelmente a escolha de palavra dele não foi a mais correta”, disse o atual campeão mundial e namorado de Kelly Piquet, filha de Nelson. “É claro que, nos últimos anos, eu pude conhecer melhor o Nelson. Sei que é um assunto bastante delicado e, em geral, temos de ser muito mais cuidadosos com isso. Acho que todos somos contra o racismo e acho que Nelson, pessoalmente, também é. Não foi a palavra certa a ser usada. Contando que você evite usar essa palavra novamente… você deve se desculpar e seguir em frente. E ficar longe desse tipo de problema.”
O próprio Max já passou por uma situação de certa forma parecida quando chamou o piloto Lance Stroll de “mongol” via rádio durante o GP de Portugal de 2020. “Que retardado. Que mongol, eu juro”, disse ele, após uma colisão entre os dois. Na época, Verstappen disse que não era problema dele se pessoas ficaram ofendidas com o tipo de linguagem usado.
Também nesta quinta-feira em Silverstone, o BRDC, clube dos pilotos britânicos, proprietário do autódromo de Silverstone, suspendeu o piloto brasileiro de sua associação honorária, dizendo que é inaceitável que um dos membros use linguagem ofensiva para descrever outro membro. “Isso representa uma conduta totalmente inapropriada para o BRDC.”
Hamilton critica ‘narrativas arcaicas’ – Quem também se pronunciou nesta quinta-feira foi o próprio Lewis Hamilton, que agradeceu o apoio que vem recebendo, principalmente dos pilotos.
“Sou incrivelmente grato a todos aqueles que apoiaram o esporte, principalmente os pilotos. Já se passaram dois anos desde que nos ajoelhamos na Áustria. Claro que ainda enfrentamos os desafios. Eu tenho sido alvo de racismo e narrativas negativas e arcaicas e tons de discriminação”, iniciou.
“Não sei por que continuamos a dar uma plataforma a essas pessoas mais velhas. Eles estão falando sobre o esporte, mas estamos procurando ir em uma direção diferente. É a imagem maior. Agora é uma reação imediata de empresas de todo o mundo”, complementou.
Entenda o caso – No início da semana, o tricampeão mundial voltou aos holofotes depois que uma entrevista dada em novembro de 2021 foi recuperada e viralizou na internet. Ao jornalista Ricardo Oliveira, o ex-piloto brasileiro chamou Hamilton de “neguinho”, termo que é racista quando utilizado de forma pejorativa ou com a intenção de ofender.
A repercussão do comentário foi internacional e fez com que o britânico de 37 anos respondesse à ofensa em português. “Vamos focar em mudar a mentalidade”, disparou Hamilton.
Na sequência, o piloto da Mercedes complementou. “É mais do que linguagem. Essas mentalidades arcaicas precisam mudar e não têm lugar no nosso esporte. Fui cercado por essas atitudes e um alvo durante toda a minha vida. Houve muito tempo para aprender. Chegou a hora da ação”, afirmou Hamilton.
A Fórmula 1, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) e a Mercedes repreenderam o termo racista utilizado por Piquet. Neste mês de junho, o heptacampeão da categoria recebeu o título de cidadão honorário brasileiro.