O presidente do Sindicato Rural de Paranavaí, agroindustrial Ivo Pierin Júnior, defendeu o plantio de mamona na região como uma nova opção de diversificação agrícola. “O desafio é mostrar que a cultura da mamona pode dar certo na região”, disse ele, lembrando que o agricultor “é curioso” e quer saber o que o vizinho está produzindo e se dá resultado. “Se está dando certo, ele adere”, pontua.
A manifestação foi feira durante reunião realizada entre técnicos do Instituto de Desenvolvimento Regional do Paraná (IDR-PR), produtores rurais e o gerente da Kaiima Seeds, Alexandre Dezanet. A Kaiima é a empresa de melhoramento genético, que desenvolveu sementes híbridas de mamona que aumentam a produtividade em um novo sistema cultivo, que permite, entre outras vantagens, a produção em escala e a colheita mecanizada.
“O Sindicato acompanha tudo o que é disponibilizado à região para aumentar a renda do produtor e fazer a recomposição de solo, por exemplo, e que venha com mais tecnologia. Neste sentido, estamos prontos para trabalhar juntos e tentar viabilizar esta alternativa agrícola na região”, disse Pierin.
O agroindustrial considera a mamona como opção de rotação agrícola, especialmente de pastagens, já que a proposta agora é uma lavoura de ciclo curto e colheita mecanizada (as árvores já são de baixo porte para viabilizar a ação das colheitadeiras).
Agronegócio regional – Depois da recepção pelo chefe do Polo de Pesquisa do IDR, (onde foi realizada a reunião na manhã desta quinta-feira, dia 19), Mateus Azevedo, o coordenador da mesorregião do Noroeste, que inclui 90 municípios das regiões de Paranavaí, Umuarama, Cianorte e Maringá, Cristovon Videira Ripol, disse que o Sistema Estadual de Agricultura vem trabalhando para fortalecer o agronegócio da região. Citou como exemplo o programa de irrigação e agora a mamona. Sublinhou que o secretário estadual da Agricultura, Norberto Ortigara, está entusiasmado com a proposta.
“Quando ele (Ortigara) me perguntou se eu conhecia a mamona, disse que sim. Mas era naquele modelo antigo, como cultura perene, praticado por pequenos agricultores, produção em pequena escala. Agora é um negócio novo”, admitiu Ripol.
Na sua avaliação, a mamona pode “turbinar a economia da região”, com a aproximação entre produtores, técnicos do governo e a Kaiima. “É uma cultura que se adapta bem ao solo, clima, condições hidrológicas da região. E se encaixa nas janelas de produção – ela não vai concorrer com outras culturas”, disse ele. “Estamos pensando grande, mas começando pequeno”, sustentou Ripol.
Por sua vez, o chefe do Núcleo regional da SEAB, José Jorge de Oliveira Neto comparou a implantação da cultura da mamona para a região com o trabalho desenvolvido 30 anos atrás em favor da citricultura. “No começo havia desconfiança, mas olha hoje a importância da citriculturta para a região”, lembrou.
Grupo de trabalho – Cristovon Ripol informou que será constituído em breve um Grupo de Trabalho (GT) para atender algumas demandas levantadas por produtores rurais durante a reunião. Uma delas é a questão de agroquímicos. Os produtos usados com eficiência nas lavouras de mamona no Mato Grosso e Bahia, onde a Kaiima tem atuado firmemente, não são liberados para uso no Paraná.
Mas o coordenador do IDR acredita que o problema será superado rapidamente, com o estudo a ser desenvolvido pelo GT, com técnicos de várias áreas, e tratativas com as empresas que produzem estes agroquímicos, que são quem pode pedir o registro para uso nas lavouras de mamonas no Paraná. É um processo rápido já que produto está liberado para grandes lavouras e agora é pedido isso para pequenas (Minor Crops).
“Sem esta autorização para usar os agroquímicos não podemos avançar, mas isto deve ser resolvido rapidamente”, diz Ripol. Como o zoneamento prevê o plantio entre setembro e março, ele acredita que poderá haver plantio de mamona na região já na próxima safra. Até porque a reação dos produtores foi positiva à detalhada apresentação feita por Alexandre Dezanet, que pontuou as vantagens e as possibilidade da cultura para a região.