*Cristina Navalon
Se expressar é um dos maiores desafios do ser humano. Seja através de palavras ou gestos, a comunicação faz parte da nossa essência e revela muito sobre nossa personalidade. Normalmente nos acostumamos a falar que uma pessoa é mais ou menos “falante”, e atribuímos isso apenas ao seu jeito de ser. O problema é que a forma como nos expressamos está diretamente ligada ao mundo psíquico e pode revelar até mesmo transtornos mentais.
A comunicação não se trata apenas de uma parte da nossa natureza, mas ao desenvolvimento da personalidade ao longo de anos, que começa na infância. Se uma criança for abandonada no meio da floresta, sem o contato humano, ela se tornará algo totalmente diferente do nosso homem social. Será, provavelmente, um selvagem. O trabalho de ensinamento da fala é feito desde cedo pelos pais ou por essa figura responsável, que ama e cuida.
Então nos baseamos não mais em uma simples instancia natural, mas uma ferramenta utilizada por todos. Isso é revelado também na nossa moral e nos costumes. Em cada lugar do mundo nos expressamos de uma forma diferente, refletindo suas peculiaridades sociais e culturais. No Brasil o abraço e os “dois beijinhos” são expressões básicas de afeto, enquanto o Oriente Médio usa apenas palavras, evitando ao máximo o contato físico.
Em uma visão Winnicottiana, a comunicação está ligada à como nos relacionamos a outros objetos (e nisso incluímos outras pessoas). Essa capacidade é proveniente de um ambiente suficientemente bom ou não, e ao que ele oferece a criança, e que vai acompanha-la até a vida adulta. E quanto mais o tempo passa, mais fácil perceber transtornos psicológicos decorrentes de um ambiente falho sem o olhar e a escuta que o bebê necessita para seu desenvolvimento.
A criança é um reflexo da figura que a acolhe, então é importante permitir que ela se expresse, mostrando empatia. A forma como nos expressamos pode ser uma simples casualidade, ou um grito de socorro.