Com o tema ‘Saúde do Cérebro para todos’, a Federação Mundial de Neurologia – World Federation of Neurology (WFN) celebra, em 22 de julho, o 9º Dia Mundial do Cérebro (WBD). Segundo a entidade, o tema abrangente visa desencadear um esforço universal para o compartilhamento de informações necessárias para reduzir a carga de distúrbios cerebrais em toda a população do planeta. Afinal, uma melhor saúde cerebral começa com uma maior consciência do que significa manter um cérebro saudável e com a compreensão global do importante papel do cérebro para a vida da humanidade.
Distúrbios cerebrais afetam bilhões de pessoas em todo o mundo e são a principal causa de incapacidade. Por isso, a campanha WBD 2022 se concentrará em cinco mensagens principais: a saúde do cérebro é vital para o bem-estar mental, social e físico; muitas doenças cerebrais são evitáveis; esforços globais são necessários para uma saúde cerebral ideal; educação para todos é fundamental para a saúde do cérebro; o acesso equitativo a recursos, tratamento e reabilitação é essencial para a saúde do cérebro.
O cérebro humano possui aproximadamente 100 bilhões de neurônios, com cerca de 10 trilhões de conexões entre eles. Por ser o centro de comandos do corpo humano, o cérebro controla todas as funções do organismo que permitem ao ser humano ler, escrever, aprender, planejar, pensar, sentir, movimentar-se e resolver problemas. Os estudos sobre o cérebro humano ainda não conseguiram desvendar todos os segredos desse órgão vital, entretanto, nas últimas décadas os cientistas descobriram que há uma estreita conexão entre o cérebro e o intestino que pode ser fundamental para a saúde.
Desde que o professor e pesquisador Michael D. Gershon, da Columbia University, nos Estados Unidos, lançou o livro The Second Brain (O Segundo Cérebro), em 1999, mostrando que as células nervosas no intestino agiam como um verdadeiro cérebro, o conhecimento sobre o eixo cérebro-intestino-microbiota só expandiu. Essas conexões ocorrem porque o trato gastrointestinal humano tem um sistema nervoso próprio totalmente especializado para as funções intestinais – o sistema nervoso entérico (SNE) – que começa no esôfago e termina no ânus, possui aproximadamente 100 milhões de neurônios (número próximo à quantidade de neurônios da medula espinhal) e é capaz de controlar o trato gastrointestinal mesmo se as conexões com o sistema nervoso central forem interrompidas.
Os estudos científicos realizados até agora têm conseguido demonstrar que o intestino saudável impulsiona o bem-estar psicológico e pode ser um fator fundamental para evitar transtornos psiquiátricos, neurológicos e de desenvolvimento, a exemplo de depressão, ansiedade, esquizofrenia, transtorno bipolar, doenças de Parkinson e Alzheimer, e até mesmo o transtorno do espectro autista. Boa parte das pesquisas sugere que as bactérias intestinais podem ser um gatilho para o desenvolvimento de transtornos neuropsiquiátricos por influenciar o sistema nervoso central, o desenvolvimento de células nervosas e a formação de circuitos de estresse. Além disso, os cientistas consideram a possibilidade de que os microrganismos probióticos podem afetar a emoção ao modular o eixo microbiota-intestino-cérebro trazendo, assim, benefícios para a saúde geral.