O Boletim Logístico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado no mês de julho, revela novos fatores para a alta nas cotações do transporte agrícola: a migração dos prestadores de serviços para o Centro-Oeste do país, atendendo a demanda da colheita do milho segunda safra daquela região. Este movimento, combinado com a elevação nos preços do diesel, reduz ainda mais a oferta de caminhões no país.
No estado de Mato Grosso, por exemplo, o valor do frete rodoviário em junho apresentou elevação em todas as praças. Com a previsão de recorde na segunda safra de milho, já se observa grande deslocamento nas áreas de produção devido às retiradas do produto das lavouras e o escoamento até as unidades armazenadoras situadas nas fazendas, tradings, cooperativas e armazéns gerais. Os aumentos de fretes mais expressivos foram aqueles identificados com destino aos portos de Santos, Santarém e Paranaguá, para atender contratos de exportação e o escoamento da safra de soja. Assim, mesmo com a safra do milho já em pleno curso, é esperado que em julho os preços se mantenham ou até mesmo apresentem elevações, decorrentes do conflito entre o escoamento da safra de soja e a colheita recorde de milho.
Em Mato Grosso do Sul, o mercado de fretes em junho também apresentou variações significativas nos preços praticados em quase todas as praças acompanhadas. A soja teve grande movimentação, tanto para exportação quanto para o mercado interno, mas o aumento no ritmo da colheita do milho segunda safra no estado vizinho acabou por diminuir a oferta de veículos locais. Já em Goiás, a colheita da segunda safra de milho encontra-se ainda na fase inicial e há pouca movimentação das transportadoras, mas nos municípios acompanhados pela Conab já se observa maior deslocamento para a exportação de soja. Além das dificuldades na efetivação dos embarques pela baixa disponibilidade de caminhões, muitos autônomos preferem aguardar melhor remuneração dos fretes, optando pelas viagens de longa distância. Os fretes para as rotas acompanhadas, partindo de Catalão e Cristalina/GO, subiram em média 15% com elevações maiores nas duas rotas de Minas Gerais. Já partindo de Bom Jesus de Goiás, os preços dos fretes variaram 3% em relação ao mês anterior.
No caso do Paraná, a frustração da safra brasileira de soja disponibilizou grande oferta de caminhões na região, fazendo com que os preços dos fretes caíssem. Uma das alternativas para o equilíbrio sazonal estaria no escoamento de feijão para as principais praças internas, no entanto, neste ano não houve envio do produto para o Rio de Janeiro. Os fretes a partir de agora, tanto da soja quanto do milho, devem apresentar alta em todas as origens, já que os deslocamentos dos caminhões para o Centro-Oeste do país diminuíram a oferta no estado. O quadro momentâneo de um quantitativo mais enxuto de veículos – contratos de exportação a serem cumpridos e movimentação para o esvaziamento dos silos para recepção da nova safra de milho, acarretaram aumentos significativos nos preços dos fretes (de 14% até 67%, dependendo da origem/destino).
Na Bahia, os fretes estaduais continuaram apresentando elevação em relação ao mês passado, causada pela redução na oferta de caminhões sob impacto da migração de prestadores de serviços para o Centro-Oeste e pela elevação nos preços do diesel. Já no Distrito Federal, o mercado de transportes continua aquecido, mas o equilíbrio observado na oferta de caminhões foi citado como fator de sustentação dos preços. A movimentação de cargas aumentou significativamente para os destinos pesquisados, sobretudo para a região sul e sudeste do país (especialmente o porto de Paranaguá/PR), devido ao aumento das exportações e pelas demandas por produtos componentes de ração nos importantes estados produtores sulistas de aves e suínos.