REINALDO SILVA / reinaldo@diariodonoroeste.com.br
Mais da metade da população brasileira (58,7%) vive em situação de insegurança alimentar. O termo é utilizado nos casos em que a pessoa não tem acesso regular e permanente a alimentos em quantidade e qualidade suficientes para a sobrevivência. As causas podem ser físicas, econômicas e sociais.
De acordo com o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, divulgado em junho deste ano, 6 em cada 10 domicílios se dividem em uma escalada que vai dos que permanecem preocupados com a possibilidade de não ter alimentos no futuro até os que já passam fome. Ao todo, são 33,1 milhões de brasileiros sem ter o que comer.
Diante desse cenário, é imprescindível criar políticas públicas que garantam à população condições básicas para se alimentar. “Temos muitas pessoas desempregadas, famílias sem ter o que comer”, pondera a vereadora de Paranavaí Aparecida Gonçalves.
Ela é autora de um requerimento enviado à Secretaria Municipal de Assistência Social, pedindo informações sobre o funcionamento do Restaurante Popular, um equipamento público pensado para oferecer refeições balanceadas a preços baixos. O prédio foi construído na Vila Operária, ao lado do Centro da Juventude, na frente da Unidade Básica de Saúde (UBS), mas ainda está desativado.
As obras começaram em julho de 2019 e terminaram no ano seguinte. Conforme a secretária de Assistência Social, Maria Dêis Klososki, “para funcionamento do Restaurante Popular estão pendentes a aquisição de equipamentos, utensílios, mobiliário e material de apoio e de consumo”. O processo de licitação está em andamento.
Também seguem os trâmites para a contratação de empresa especializada em serviços de administração, preparo, fornecimento e distribuição de refeições. “O município vem realizando todos os esforços para colocar o Restaurante Popular em funcionamento o mais breve possível”, garante a secretária de Assistência Social.
O objetivo é ampliar a oferta de refeições adequadas para os moradores, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida. “O acesso ao Restaurante Popular é universal, ou seja, para qualquer cidadão, especialmente os grupos em situação de insegurança alimentar e nutricional e/ou vulnerabilidade social”, explica Maria Dêis.
A previsão é atender 500 pessoas por dia, de segunda-feira a sábado. Graças ao subsídio da Prefeitura de Paranavaí, o custo estimado para a população é de R$ 3,30.
Localização – O Restaurante Popular fica em uma área afastada do centro, mas em uma região de grande interesse social do município, afirma a secretária. “Dispõe de pontos de paradas de transporte coletivo em seu entorno e de infraestrutura adequada para sua instalação, além de estar próximo a outros equipamentos públicos.”
Em outra oportunidade, o prefeito licenciado, Carlos Henrique Rossato Gomes (Delegado KIQ), afirma que a escolha do ponto também levou em consideração a questão econômica. Um restaurante com preços populares na região central da cidade criaria competição desleal em relação aos estabelecimentos comerciais já existentes.
Trabalhadores – A presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Paranavaí (Sindoscom), Leila Aguiar, avalia que a localização será um fator complicador para os trabalhadores. Quem está no Centro terá de arcar com os custos da locomoção, seja com veículo próprio, seja com transporte coletivo, “às vezes, inviabilizando a economia feita no valor da refeição”.
O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Paranavaí (Sinserpar), Gabriel dos Santos Luiz, tem opinião semelhante. Exemplifica o ponto de vista citando os trabalhadores do Distrito de Sumaré, que levariam muito tempo para chegar à Vila Operária. Não compensaria.
Apesar da dificuldade, os dois líderes sindicais concordam que a abertura do Restaurante Popular será benéfica. “Vai ajudar bastante. Quem tem duas horas de almoço nem sempre consegue ir para casa e preparar a comida. Fica complicado ir almoçar em casa”, diz Gabriel dos Santos Luiz. “Que este seja o primeiro de muitos outros na cidade”, pede Leila Aguiar.
A presidente do Sindoscom sugere que em eventuais projetos para os próximos anos, a classe trabalhadora seja consultada. “Iniciativas tão importantes como esta deveriam ser apreciadas com uma consulta pública àqueles que farão uso do Restaurante Popular.”