ADÃO RIBEIRO
Nesta segunda-feira cinzenta, Paranavaí sepultou um homem trabalhador, simples e de poucas palavras públicas. Seu nome: Genivaldo Nascimento, 62 anos. Era motorista da 14ª Regional de Saúde e fez o seu trabalho com dignidade. Um paranavaiense que só pela trajetória no serviço público merecia o nosso reconhecimento.
Mas, Genivaldo foi além. Simplificou para ficar grande. Por décadas foi o Preto, baterista do gigante Gralha Azul. Nos eventos do Gralha era comum ver o Preto cuidando do cenário, ajeitando equipamentos de som…
Quando o grupo se apresentava e encantava (esperamos que continue), Preto se mantinha discreto. Ficava na lateral ou no fundo do palco, espaço para comportar a bateria e toda a serenidade que caracterizou o instrumentista.
A perda do Preto leva os paranavaienses de quatro décadas ou mais para uma reflexão sobre a importância do tempo e do quanto ele é injusto na sua justeza. Sempre ficará a sensação de que ele (o tempo) poderia ter sido mais generoso, deixando o baterista na sua cidade, entre os seus por mais um período.
Para nós, que por aqui permanecemos, resta o consolo de uma vida de superação, de labor e de dedicação ao ato de fazer cultura. Todos que tiveram a chance de aplaudir uma apresentação do Gralha Azul sempre vão se lembrar da bateria discreta e bem executada do Preto. Vá em paz, Gralha Azul.
*Adão Ribeiro é editor do DN, historiador pela Unespar