DIEGO IWATA LIMA
DA UOL-FOLHAPRESS
Faltam pouco mais de dois meses para a final da Copa Libertadores de 2022, que será disputada em Guayaquil, no Equador, em 29 de outubro. Mas, mesmo com esta antecedência, já há dificuldades para se reservar opções de voo e hospedagem na cidade. As forças públicas do município terão uma reunião na próxima semana para tratar da questão.
“Sim, há um plano. Estamos trabalhando e tenho uma reunião na próxima semana no mais alto nível para definir essa questão de acomodação”, disse ao UOL Esporte Gloria Gallardo, presidente da Empresa Pública Municipal de Turismo, Promoção Cívica e Relações Internacionais de Guayaquil.
“Não posso adiantar nenhuma informação no momento. Tudo será planejado. Temos que refinar os detalhes na próxima semana”, completou Gloria.
O fato é que, independentemente do que possa ser feito, haverá menos vagas de hospedagem no município do que o número de ingressos que serão disponibilizados para a final.
Já é certo que um clube brasileiro estará na final, já que Palmeiras e Athletico-PR fazem uma das semifinais. Flamengo e Vélez Sarsfield (ARG) disputam a outra vaga na decisão.
O estádio Monumental Banco Pichincha, onde o jogo será disputado, tem 57 mil lugares. De acordo com a atualização do Censo Econômico do Equador, Guayaquil possui hoje 12.602 vagas de hospedagem, em 7.760 quartos e 9.147 leitos nos 122 hotéis da cidade -camas de casal contam duas vagas.
Em novembro do ano passado, cerca de 45 mil pessoas, segundo estimativas, se deslocaram até a capital uruguaia Montevidéu para assistir à decisão entre Palmeiras e Flamengo pelo título da América.
O número de vagas de hospedagem em hotéis de Montevidéu não era muito diferente do de Guayaquil. Mas, por lá, havia opções em cidades próximas e turísticas. Punta del Este, por exemplo, distante 2h da capital, possui cerca de 15 mil vagas, de acordo com o Centro de Hotéis da cidade. Mesmo assim, muita gente dormiu em carros e ônibus.
Já o Estado equatoriano de Guayas, onde fica a cidade de Guayaquil, tem 16.551 vagas de hospedagem na soma de seus municípios, em 12.571 leitos.
Hoje, não existe nenhuma companhia operando voos diretos e diários do Brasil para Guayaquil. Isso faz com que as viagens do Brasil para lá, contando os períodos de escala e possíveis layovers, levem, em média, dez horas.
O UOL Esporte fez contato com a Latam, uma das companhias que voa para a cidade, indagando se existem planos de ampliar as ofertas de voos.
Por meio de nota oficial, a empresa disse que “a companhia oferta voos diários de São Paulo/Guarulhos para o destino com conexão em Lima, no Peru. De Porto Alegre, por sua vez, a Latam opera três voos semanais para Lima também conectados a Guayaquil”, sem elencar qualquer possibilidade de ampliação.
Uma pesquisa rápida em sites de busca de passagens e pacotes de hospedagem, como Trivago e Decolar, aponta que um voo saindo de São Paulo, em 27 de outubro (quinta-feira), com volta agendada para o dia 30 (domingo), custa em média R$ 6 mil.
Se a pesquisa for por voo + hospedagem, o que normalmente barateia e facilita a viagem, é melhor correr. Nas buscas feitas pela reportagem, havia apenas um pacote ainda disponível, por R$ 7.255, para um hotel distante 6 km do estádio.
Ricardo Henrique Magalhães, rubro-negro, já reservou uma passagem ao custo de R$ 7,3 mil, indo em 27 de outubro e voltando em 1º de novembro. Como possui desconto na companhia aérea, acabou pagando R$ 6,3 mil.
“Estou pagando agora mais caro do que paguei para Lima, Montevidéu e Doha. Para Doha, eu comprei em agosto, um dia depois de Flamengo e Inter, que foram as quartas de final [da Libertadores]. Paguei R$ 5,5 mil para Doha com um voo direto saindo de São Paulo”, disse o rubro-negro, que também alertou sobre o custo que os torcedores terão em Guayaquil:
“A moeda oficial é o dólar, então, vai ser salgado. A galera que vai ficar mais tempo lá, tem que ir preparada, porque não vai ser barato, não”, comentou.
O torcedor que optar por ir a Guayaquil de ônibus, terá pela frente uma cansativa e longa viagem. Para quem sai do Rio de Janeiro, por exemplo, a duração prevista é de, no mínimo, cinco dias.
O trajeto passa por Paraguai, Uruguai, Argentina, Chile e Peru, até chegar à capital equatoriana. Geralmente, neste roteiro, o passageiro troca de veículo em Buenos Aires (ARG) e Lima (PER), antes de desembarcar no destino final. O custo da passagem, segundo os sites especializados, está entre R$ 1,8 mil e R$ 2,8 mil.
Conmebol não pensa em trocar sede
A despeito dos muitos problemas previstos, a Conmebol não tem em mente alterar o local da final única de sua principal competição de clubes.
Segundo uma fonte na confederação ouvida pela reportagem, existe a avaliação de que a falta de quartos disponíveis tem relação com a especulação hoteleira. E que tais quartos não estão de fato reservados.
Segundo essa mesma fonte, a confederação, inclusive, estuda vender pacotes com ingresso para o jogo, hospedagem e bilhete aéreo.
Em 2019, por conta de confrontos entre civis e forças policiais, a decisão entre Flamengo e River Plate migrou de Santiago (Chile) para Lima (Peru). A mudança trouxe diversos transtornos aos torcedores que já haviam feito reservas para o jogo na capital chilena.