REINALDO SILVA
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“Os números são preocupantes, precisamos unir forças.” Assim a chefe da Vigilância Epidemiológica da 14ª Regional de Saúde, Samira Silva, resume o cenário da vacinação contra a poliomielite. A média de alcance no Noroeste do Paraná é de 10,5%, sendo o objetivo chegar a pelo menos 95% das crianças menores de 5 anos.
Com o intuito de ampliar a cobertura vacinal, este sábado (20) é dia de mobilização nacional e todas as unidades de saúde abrem para fazer a imunização contra a pólio, também conhecida como paralisia infantil, e aplicar as demais doses de rotina para a atualização do cartão vacinal.
A campanha de multivacinação começou no dia 8 de agosto e segue até 9 de setembro. Cada município tem as próprias estratégias no sentido de garantir imunização para todas as crianças, convocando os pais por ligações telefônicas ou mensagens de texto; fazendo a busca ativa, de casa em casa; e levando os serviços de vacinação para ambientes fora das unidades de saúde.
Samira Silva chama atenção para o risco de reintrodução da doença em território nacional. O Brasil recebeu o certificado de eliminação da pólio em 1994. No entanto, até que a doença seja erradicada no mundo, existe o risco de um país ter casos importados e o vírus voltar a circular.
A preocupação estampa material compartilhado pela 14ª Regional de Saúde: “A pólio parece uma doença do passado, mas o vírus encontrado nos esgotos de Londres, o caso de paralisa nos Estados Unidos e os baixos índices de vacinação no Brasil são um alerta para cada um de nós e para nossos governos de que não podemos ser complacentes com a pólio”.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que sem as vacinas desenvolvidas na década de 1950, 20 milhões de pessoas que hoje podem andar estariam paralisadas por complicações da poliomielite.
Municípios – Em atualização feita sexta-feira (19) pela 14ª Regional de Saúde, com base no sistema de dados do Ministério da Saúde, o município mais próximo de alcançar a meta de 95% de crianças vacinadas era Porto Rico, com 87,5%. Em São Pedro do Paraná, eram 55,9%; em Guairaçá, 41,2%; em Itaúna do Sul, 37,5%; em Santa Mônica, 36%; e em Inajá, 33,3%. Os índices dos demais municípios estavam abaixo de 30%.
Como melhorar os números? A recomendação é promover uma mobilização intersetorial, reunindo as secretarias de Saúde e Educação, a comunidade, igrejas e entidades religiosas, lideranças. “Todos ajudando na conscientização e incentivando a população à vacinação”, enfatiza Samira Silva.
Ela sugere que as equipes de imunização façam ampla divulgação nos canais de comunicação e criem atrativos para as crianças. Oferecer algum tipo de lembrancinha e decorar a unidade de saúde chamam a atenção e ajudam na estratégia, pontua a chefe da Vigilância Epidemiológica. Algumas equipes abraçaram a ideia e prepararam o ambiente para receber o público infantil.
Ausência – A avaliação de Samira Silva é que a baixa cobertura vacinal é resultado principalmente da condição de comodismo da própria população. “Não vê mais alguém doente de pólio e desacredita na doença. Consequentemente, vai acontecendo um relaxamento na prevenção.”
O mesmo comportamento foi percebido durante a pandemia de Covid-19. Os cuidados eram intensificados nos momentos em que as pessoas se sentiam ameaçadas com a doença, com crescimento no número de óbitos e a insistência de tratar sobre o assunto nos noticiários. “Depois que diminuíram os casos graves e os óbitos, a vacinação caiu também. As pessoas deixaram de procurar.”