HERCULANO BARRETO FILHO
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O policial militar Jefferson Souza foi condenado nesta terça (23) a 18 anos e 8 meses de prisão pelo assassinato do estudante Gabriel Tadeu Paiva, morto com pauladas na cabeça durante uma abordagem na noite de 16 de abril de 2017, na Cidade Ademar, zona sul de São Paulo.
A vítima, que tinha 16 anos na época do crime, fumava narguilé e ouvia funk com outros jovens perto de um carro quando foi abordada por dois policiais militares. O outro agente ainda será julgado.
Souza já estava preso preventivamente no presídio Romão Gomes, da Polícia Militar, na zona norte da capital paulista, onde cumprirá pena pelo crime. Ele foi condenado por homicídio doloso (quando há intenção de matar) pela maioria dos jurados no Fórum Criminal da Barra Funda.
A sentença foi proferida pelo juiz Roberto Janichelli Cintra, da 1ª Vara do Júri. O PM condenado, que nega envolvimento no crime, pode recorrer.
POR QUE O JULGAMENTO SÓ OCORREU CINCO ANOS DEPOIS DO CRIME?
Souza já havia sido condenado anteriormente a 24 anos e 6 meses, em julgamento ocorrido em janeiro de 2019. Na ocasião, o PM Thiago Quintino Meche, que estava com Jefferson na abordagem, acabou sendo absolvido por falta de provas.
Contudo, o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) anulou o julgamento anterior atendendo a um pedido da defesa do réu. Na ocasião, um desembargador reconheceu que houve erro na gravação do depoimento de uma das testemunhas, comprometendo a transcrição do que foi dito. E, com isso, prejudicando a avaliação dos jurados. O outro PM envolvido na ação será julgado novamente em março de 2023.
SE O OUTRO POLICIAL MILITAR FOI ABSOLVIDO ANTERIORMENTE, POR QUE SERÁ JULGADO MAIS UMA VEZ?
O júri servirá apenas para determinar se ele será absolvido por falta de provas ou por ser inocente das acusações. O PM Thiago Quintino Meche chegou a ser preso com Jefferson, mas foi solto após a absolvição de 2019 e está afastado da corporação desde a época do crime.
Há uma investigação paralela na corregedoria da PM?
Sim, o órgão abriu um inquérito administrativo para apurar a conduta dos dois policiais militares envolvidos na ação que resultou na morte de Gabriel. A investigação irá determinar se eles seguirão na corporação ou se serão excluídos.
O QUE DIZEM OS POLICIAIS MILITARES ENVOLVIDOS NA AÇÃO?
Ambos negam envolvimento no crime. Em depoimento à Polícia Civil, afirmaram que encontraram o jovem já caído no chão.
Contudo, a reportagem do UOL não conseguiu localizar os representantes legais deles para que se posicionassem após o resultado do júri de ontem.
O QUE DIZEM AS TESTEMUNHAS?
De acordo com testemunhas que prestaram depoimento à Polícia Civil, os policiais usaram um taco de madeira para ameaçar os jovens antes das agressões.
Uma das testemunhas relatou que os amigos de Gabriel fugiram após a chegada dos agentes, mas Gabriel ficou para trás e acabou sendo agredido.
“Queriam matar o meu filho. Espancaram para matar. Conseguiram o que queriam”, disse ao UOL a comerciante Zilda de Paiva, mãe da vítima, em relato dado na época do crime.
Após ser agredido, o garoto chegou a ficar internado em coma induzido por quatro dias em decorrência de um coágulo no cérebro.
O PM CONDENADO PELO CRIME ERA CONHECIDO DOS MORADORES NA CIDADE ADEMAR?
As apurações da Polícia Civil indicam que sim. De acordo com os relatos de moradores, o PM era conhecido por abordar jovens em bailes funk com um taco de madeira.
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