REINALDO SILVA
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O senador e candidato à reeleição Alvaro Dias (Podemos) esteve em Paranavaí na manhã de sábado (27) e conversou com lideranças políticas e apoiadores. Concedeu entrevista exclusiva ao Diário do Noroeste, ocasião em que enfatizou a necessidade de uma reforma política profunda, sem vícios ou instrumentos que depredem a democracia. Também fez críticas ao fundo eleitoral, que considera exagerado, com valores exorbitantes e desproporcionais.
Alvaro Dias chegou à sede da Associação dos Municípios do Noroeste Paranaense (Amunpar) e, antes mesmo de entrar, cumprimentou, um a um, todos os que o aguardavam. Seguiu para uma pequena sala de reuniões onde atenderia o DN, acompanhado de assessores e do candidato a primeiro suplente Wilson Matos Filho. Marcelo Siena, que concorre a uma cadeira na Câmara dos Deputados também esteve presente.
O senador falou pouco sobre as alianças políticas que estão sendo construídas nos municípios do Noroeste do Paraná. Avaliou que esta é uma campanha eleitoral diferente das anteriores, quando eram feitos comícios monumentais. “Hoje, é comunicação. Você chega, é entrevistado, sua opinião vai para a mídia, para as redes sociais, você contata lideranças que passam a multiplicar sua proposta e, assim, chega até a eleição.”
Na opinião do candidato à reeleição para o Senado, as instituições públicas estão desgastadas, especialmente a política. “Devemos restabelecer credibilidade com uma reforma política que seja matriz das demais reformas.”
Argumentou que a iniciativa deve partir do chefe do Executivo: constituir uma comissão de especialistas, elaborar o pré-projeto e submeter ao Congresso. “Com a força do presidencialismo, o poder que tem o presidente da República nesse sistema, seria a forma adequada.” No Congresso, disse Alvaro Dias, “prevalece o corporativismo, esse jogo de interesses. O que se faz lá são remendos em uma colcha de retalhos, exatamente para preservar os mandatos já existentes”.
Sobre o modelo de financiamento público de campanha, argumentou que o chamado fundão eleitoral “concentra candidaturas em determinados partidos, dificultando a trajetória de outros. Faz com que algumas lideranças políticas façam a opção partidária não pela causa, pelo ideal, mas pelo caixa”. É abastecido com recursos do Tesouro Nacional e distribuído às agremiações partidárias.
Renovação – Questionado sobre o discurso de oponentes que pregam a renovação do Senado, Alvaro Dias alfinetou: “Tem que renovar tirando os podres de lá. Começaria por tirar um terço que tem processo criminal”.
Enumerou o que classifica como conquistas, possíveis graças ao longo período dedicado à vida pública. Foi vereador em Londrina, duas vezes deputado federal, quatro vezes senador e governador do Paraná. Também concorreu à Presidência da República em 2018, mas não chegou a contabilizar 1% do total de votos.
“Quem não gosta de um senador que abre mão da aposentadoria de ex-governador? Que abre mão do auxílio-moradia de R$ 5.500 por mês? Que abre mão das verbas indenizatórias? Premiado todos os anos como melhor senador do País?” Seguiu: “Aponte o político do Paraná que pode apresentar o rol de realizações que eu apresento”.
Citou a lei “que joga nos cofres das prefeituras, todos os anos, milhões de reais em taxa de iluminação pública. Desde a promulgação da Emenda Constitucional de minha autoria, já estamos perto de R$ 100 bilhões em todos os municípios brasileiros”.
Da mesma forma, falou do salário da educação, que aumentou em 120% os valores com repasse direto, além das chamadas emendas parlamentares. “Foram R$ 270 milhões nos últimos anos. Mas isso não é o essencial. O essencial é exatamente a possibilidade que você tem de legislar.”
O candidato à reeleição refutou as críticas sobre sua ausência no Noroeste do Paraná. “Desafio qualquer político a afirmar que esteve em qualquer lugar do Paraná mais do que eu. Eu venho de longe, mas onde estiveram uma ou duas vezes, eu estive muitas.”
Dirigiu-se aos críticos: “Isso é uma brincadeira, uma bobagem. Até porque o Senado não é aqui. Eu tenho que trabalhar é no Senado. Hoje, temos uma comunicação rápida, eu não preciso estar fisicamente aqui para estar presente na vida de Paranavaí e da região. Se eu vier muito para cá, é porque eu não estou trabalhando”.
Compromissos – Alvaro Dias não se comprometeu com a realização de obras, por exemplo, a duplicação da BR-376 entre Paranavaí e Nova Londrina e a construção da ponte ligando Paraná e Mato Grosso do Sul. Explicou que essas demandas competem ao Governo do Estado, que é o órgão executivo, mas dará todo o suporte necessário a fim de reunir as condições para realizar as obras. “Terá nosso apoio.”
O senador defendeu a readequação da tabela de valores do Sistema Único de Saúde (SUS). Há muito tempo se discute a defasagem dos preços, sem qualquer efeito prático. “É um trabalho que temos que fazer, e vamos fazer, vamos pressionar. Mais uma vez devo, dizer que isso depende do Executivo também. Nós estamos lá para pressionar.”
Política – O candidato à reeleição evitou falar das relações com o oponente Sergio Moro, ex-juiz e ex-ministro da Justiça. A despeito dos discursos que fez durante a campanha eleitoral de 2018, quando afirmou que incluiria Moro em sua equipe de governo caso fosse eleito presidente, agora os dois disputam o mesmo lugar no Senado.
“Concorro com 9. Então, não devo distinguir um dos outros. Coloco todos no mesmo patamar de respeito. Não subestimo ninguém, por isso, não falo sobre nenhum deles. Quero caminhar até 2 de outubro pavimentando a estrada para a vitória sem desconstruir ninguém, sem desqualificar ninguém. Quando não posso elogiar, não vou criticar os meus concorrentes.”
Alvaro Dias definiu a atual corrida presidencial como polarizada. “Há um fato consumado, a polarização. Os olhos da população estão voltados para um candidato à esquerda e um candidato à direita, e quem vier pelo caminho do meio será atropelado.”
E como serão as relações com o próximo presidente da República, caso seja reeleito senador? “O que posso dizer é que, qualquer que seja o eleito, meu dever será contribuir para que o País possa promover todas as reformas e chegue a um projeto concreto de desenvolvimento econômico e social capaz de fazer com que escapemos dessa armadilha da pobreza, que hoje infelicita o país.”
Para Alvaro Dia, não recaem riscos sobre a democracia. O sistema político está seguro. “Isso é balela, é desvio de foco. Os problemas são tão graves, que desviam o foco com uma discussão periférica. É natural que um ou outro tenha uma vocação autoritária, mas é um e outro. Não somos nós, os brasileiros.”
Considerações – O senador terminou a entrevista se dirigindo aos eleitores do Noroeste do Paraná. Agradeceu pelas “votações extraordinárias” e disse que as pesquisas indicam que os resultados se repetirão este ano.
“Talvez seja essa a razão do desespero de alguns adversários, que começam a discutir se estou lá [no Senado] há muito tempo, se já tenho idade para aposentadoria. Eu digo que não sou candidato a centroavante do Paranavaí, sou candidato a senador. Se eu fosse candidato a centroavante do Paranavaí, talvez fosse uma desvantagem (risos).”
Garantiu que, reeleito, fará o melhor dos mandatos, com energia, disposição e empolgação somadas à experiência. “Isso faz a diferença.”
Concluída a conversa com o DN, Alvaro Dias foi até o salão de evento da Amunpar, onde também estiveram o prefeito licenciado de Paranavaí, Carlos Henrique Rossato Gomes (Delegado KIQ), o prefeito em exercício, Pedro Baraldi, e chefes do Executivo de outros municípios da região, além de vereadores e secretários municipais.