Muitos pais e mães têm dúvidas sobre como incentivar os filhos a consumir de forma consciente. O ensino da educação financeira pode ficar mais fácil se algumas estratégias forem adotadas para evitar gastos descontrolados. É preciso ainda explicar da forma correta como ter responsabilidade, planejar gastos e lidar com as frustrações. O desafio é fazer as crianças aprenderem a poupar e criar uma relação saudável com o dinheiro.
Segundo Mariana Rocha, gerente de marketing da Mozper, fintech que ajuda famílias com filhos a tomar decisões financeiras responsáveis, o primeiro passo para estimular as crianças a lidarem com o consumo de uma forma saudável “é, além de monitorar compras, incentivar a reflexão sobre a real necessidade de cada gasto ou compra, e a se perguntar, antes de comprar, se é possível esperar e fazer a compra depois”. O objetivo dos pais deve ser mostrar que o problema não é gastar, mas gastar sem propósito.
A especialista também indica a realização, repetidamente, de atividades que simulam a criação de hábitos positivos. “É preciso apresentar os conceitos de dinheiro desde cedo, como ganhar, economizar e gastar com responsabilidade. A vivência, na prática, ajuda na criação destes hábitos, e, quanto mais cedo, melhor preparados e familiarizados ficarão”, analisa Rocha.
Outra decisão que pais e mães precisam tomar é se o filho vai receber a mesada pelo cartão de crédito ou dinheiro. Mariana Rocha, especialista da Mozper, empresa especializada em disponibilizar esse canal de pagamento para crianças, defende que ele tem algumas vantagens. “O cartão de crédito pré-pago estimula o consumo consciente, já que os jovens conseguem utilizar apenas o dinheiro que já está na conta. Ao mesmo tempo, ele acompanha os hábitos de consumo, como assinatura de streamings e compras online; é bloqueado em negócios restritos a menores e direciona o limite de despesas por categoria, como alimentação e entretenimento”, afirma.
Por outro lado, a visualização do “dinheiro na mão” pode fazer a criança perceber melhor os gastos. Mas há outras dificuldades, como problemas de segurança, trabalho de ter que fazer saques para entregar a mesada e a dificuldade de acompanhar exatamente onde e como a quantia está sendo gasta.
Mariana Rocha alerta que “apenas prover acesso aos serviços financeiros não é educação financeira”. As crianças precisam entender três etapas: “ganhar dinheiro por meio das tarefas, para aprender o valor; poupar com as metas de poupança fixadas por ela, com apoio dos pais; e gastar com o gerenciamento dos responsáveis, que definem os limites de gastos para que os jovens aprendem a se planejar, baseados num orçamento. Assim é possível ter a experiência real de compra e consumo consciente, desenvolvendo habilidades como tomada de decisões, aprendendo a priorizar e entender o impacto dos hábitos de consumo”, completa a especialista.
As crianças não vão aprender a poupar sozinhas. Por isso, de acordo com Rocha, o responsável deve colocar tudo em um papel ou no aplicativo. “Oriente as crianças a perceberem o quanto ganham e gastam em um período para conseguirem ter uma melhor compreensão das finanças. Perguntas como ‘a mesada dura até o final do mês?’ e ‘com o que eu gasto mais?’ podem ajudá-los a refletir. Caso estejam gastando demais em coisas supérfluas, explique a diferença entre desejo e necessidade. Também converse sobre poupança para que isso se torne um hábito e não um sacrifício e os ajude a definir objetivos de curto, médio e longo prazo com o tempo e o valor necessário para cada meta”, explica a especialista.