Setor vem desacelerando desde o segundo semestre de 2021 e não recuperou a consistência este ano. (Fotos: Gelson Bampi)
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta sexta-feira (9), que a indústria do Paraná manteve a tendência de desaceleração no ritmo de produção em julho, com queda de 1,4% na comparação com junho. É o mesmo cenário verificado nos últimos meses. Das 15 regiões avaliadas pelo IBGE, somente quatro cresceram, o que aponta para uma tendência nacional de redução no ritmo de produção no setor.
Com este resultado, a indústria estadual registra déficit de 0,8% no acumulado de 2022, assim como a indústria nacional, que também encolheu 2% de janeiro a julho. Nessa avaliação, apenas Rio de Janeiro (3,3%) e Rio Grande do Sul (0,9%) cresceram entre os estados mais industrializados do país. No Paraná, ainda permanecem os efeitos negativos observados nos meses anteriores. “Por parte das empresas, a dificuldade é o desabastecimento e o alto custo de insumos e matérias-primas. Já pelo lado da demanda, a inflação alta e os juros elevados, que causam encarecimento do crédito, dificultam o poder de consumo das famílias, impactando nas cadeias produtivas”, avalia o economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Marcelo Alves.
Na avaliação de julho de 2022 contra julho do ano passado, o resultado foi um pouco melhor. O Paraná apresentou crescimento de 0,10%, número acima da média nacional, que recuou 0,5%. Quatro dos quinze locais pesquisados apresentam taxas negativas. No estado, os setores que mais impactaram positivamente foram máquinas e equipamentos (54,4%), bebidas (33,4%), borracha e de material plástico (10,20%), celulose e papel (5,1%) e petróleo (1,7%). “O agronegócio contribuiu para o bom desempenho no segmento de máquinas e equipamentos. Decompondo os resultados, colheitadeiras e tratores foram os principais produtos vendidos pela indústria. Já chope e refrigerantes, movimentaram o setor de bebidas”, completa Alves. Das 13 atividades avaliadas pelo IBGE, oito ficaram negativas no período. Entre elas, automotivo (-18,7%), madeira (-17,8%), produtos químicos (-16%) e moveleiro (-7,8%).
No ano, a performance dos segmentos não muda muito. Bebidas continua sendo a atividade industrial com maior crescimento acumulado de janeiro a julho (27,8%), seguida por máquinas e equipamentos (6,5%), celulose e papel (3,4%), petróleo (3,2%) e produtos químicos (0,3%). Já os setores moveleiro (-14,5%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-14,4%), madeira (-11,5%), automotivo (-5%) e alimentos (-2,1%) figuram entre o que encolheram em 2022.
“Mesmo com os efeitos positivos na economia, gerados por conta de medidas governamentais como a queda no preço dos combustíveis, a liberação de recursos do FGTS e antecipação de 13º salário de servidores aposentados, a inflação alta, a diminuição na renda das famílias – além dos juros elevados da economia – desestimulam o consumo e impactam na demanda das fábricas”, sustenta o economista. “Essas medidas não foram suficientes para alavancar as vendas no comércio e a demanda nas fábricas”. Segundo Alves, esse não é um resultado isolado. “É uma condição geral da economia do país que não está contribuindo para o crescimento no ritmo de produção das indústrias. Essa situação confirma que o setor vem desacelerando desde o segundo semestre do ano passado e ainda não conseguiu recuperar a consistência este ano”, conclui o economista da Fiep.