REINALDO SILVA / reinaldo@diariodonoroeste.com.br
Metade do Noroeste do Paraná ainda não alcançou a cobertura mínima preconizada pelo Ministério da Saúde na campanha de vacinação contra a poliomielite, que é de 95% das crianças menores de 5 anos. Uma das principais dificuldades em avançar nos índices de imunização é a adesão dos moradores.
Enquanto os pais prorrogam, adiam a ida à unidade de saúde para que os filhos sejam vacinados, as equipes de vacinação seguem com estratégias que visam a ampliar os números.
Chefe da Vigilância Epidemiológica da 14ª Regional de Saúde, Samira Silva elencou algumas ações: “Estamos trabalhando em parceria com outros setores: Secretaria de Educação, Rotary Clube, líderes da comunidade. Tivemos ótimos resultados com as vacinações nas creches. Fizeram busca ativa até com o Zé Gotinha”.
Nas constantes reuniões, os profissionais da área avaliam os problemas e buscam soluções eficientes, afinal, a campanha de vacinação contra a poliomielite termina no dia 30 de setembro. Antes, a data prevista para concluir a ação nacional era 9 de setembro, mas foi preciso prorrogar, em razão dos baixos índices de cobertura vacinal em todo o País.
Os 14 municípios do Noroeste do Paraná que alcançaram 95% da população-alvo: São Pedro do Paraná, Porto Rico, Planaltina do Paraná, Jardim Olinda, Santa Isabel do Ivaí, Guairaçá, Diamante do Norte, Marilena, Tamboara, São João do Caiuá, Itaúna do Sul, Mirador, Santo Antônio do Caiuá e Santa Cruz de Monte Castelo.
Abaixo da meta aparecem Querência do Norte (93,9%), São Carlos do Ivaí (89,3%), Santa Mônica (88,4%), Nova Londrina (86,1%), Cruzeiro do Sul (84,8%), Loanda (84,6%), Paranavaí (81,1%), Inajá (80%), Paraíso do Norte (78,7%), Amaporã (75,3%), Alto Paraná (74,7%), Terra Rica (73,6%), Nova Aliança do Ivaí (71,4%) e Paranapoema (65,5%).
Alguns municípios estão fazendo uma varredura para verificar se a estimativa de moradores dentro da faixa etária que precisa ser vacinada condiz com a realidade ou está superestimada.
Vacina – Samira Silva explicou que a vacina oral é feita a partir do vírus vivo atenuado. A criança recebe a dose, que age nas vias respiratórias por até duas semanas. Nesse período, o organismo reage e cria anticorpos, a defesa contra a doença, também conhecida como paralisa infantil. O contato com outras pessoas amplia a proteção de forma uma rede ainda maior de imunização.
O esquema vacinal primário é composto por três doses, com mais uma de reforço aos 4 anos. Porém, independentemente de o ciclo estar completo, a dose de campanha é extremamente importante. Conforme ensinou Samira Silva, no caso de haver qualquer tipo de falha no processo de criação de anticorpos a partir das primeiras doses, o reforço ajuda a fortalecer a proteção.
A chefe regional de Vigilância Epidemiológica chamou a atenção para o risco de reintrodução da pólio no Brasil. Citou a situação preocupante nos Estados Unidos, com a confirmação de um caso em um homem adulto não vacinado. O vírus também foi identificado nas redes de esgoto em diferentes cidades estadunidenses.
Papel dos pais – Antes de vacinar as crianças nas escolas, as equipes de saúde enviam um documento pedindo a autorização dos pais. Só são imunizadas as crianças com o consentimento dos responsáveis legais.
Em casos de resistência sem justificativa, o Conselho Tutelar é acionado para verificar a situação. Se o problema não tiver solução, é levado para o Ministério Público. De acordo com Samira Silva, não é comum que aconteça. “Se os pais e responsáveis forem bem orientados, eles se conscientizam e aceitam bem.”