O conjunto do Brasil conquistou, nesta sexta-feira (16), o melhor resultado da história na ginástica rítmica, um dos esportes mais populares do país. A equipe verde-amarela foi quinta colocada no Campeonato Mundial, disputado em Sofia (Bulgária), com ótima apresentação na prova de cinco arcos e falhas no que deveria ser seu ponto forte, a prova de mista, com bolas e fitas.
Até então, o melhor resultado havia sido um sétimo lugar em 1975. Hoje, o país ficou a 2,5 pontos da vaga olímpica e do pódio, formado por Bulgária (ouro), Israel (prata) e Espanha (bronze). Também terminou atrás da favorita Itália. No domingo, o Brasil ainda briga por medalha nos cinco arcos.
A competição de conjuntos na ginástica rítmica é composta por duas provas. Uma, com cinco unidades do mesmo aparelho (neste ciclo olímpico, o arco). A outra, com duas unidades de um aparelho e três do outro, conhecida como prova mista (neste ciclo, duas bolas e e três fitas). No Mundial, são distribuídas medalhas em cada uma das provas, e na soma delas, que foi onde o Brasil foi quinto. Nas Olimpíadas, só na soma.
O Brasil abriu sua participação nos cinco arcos, com uma apresentação de altíssimo nível. Escalado com Duda Arakaki, Deborah Medrado, Giovanna Silva, Nicole Pircio e Bárbara Galvão, teve um desempenho que não ficou devendo em nada às melhores do mundo e saiu do tablado em terceiro, com nota 33.550. Ao fim da fase de classificação, ficou em quinto lugar, com uma vaga na final da prova, que vai ser no domingo.
Na prova mista, com Gabrielle Moraes no lugar de Bárbara Galvão, a equipe teve algumas falhas, chegando a derrubar uma fita. A nota não foi boa, 27,150, o que acabou jogando o Brasil para trás da Espanha no geral, em quinto. Na prova em si, as brasileiras ficaram em nono lugar, por pouco fora da final. Mas, mesmo se a equipe igualasse seu recorde nesta série, não chegaria ao pódio no geral.
O resultado coloca, pela primeira vez, o Brasil na elite da ginástica rítmica em uma grande competição. Historicamente a grande força da modalidade é a Rússia (atualmente suspensa), acompanhada por países vizinhos como Belarus, Azerbaijão e Ucrânia, e algumas outras nações europeias, como Espanha, Itália e Bulgária. Mais recentemente, Japão e Israel entraram nesse grupo.
O Brasil, por sua vez, sempre ocupou posições intermediárias. Chegou a ser nono colocado em 2003 e, nas edições mais recentes, foi 13º em 2017 e 2019, mas só 23º em 2018. Desde o início da pandemia, porém, o conjunto brasileiro evoluiu bastante. Ganhou o Pan de 2011, no Rio, conseguindo vaga em Tóquio-2020, e foi sétimo colocado no Mundial do ano passado nas cinco bolas, terminando em nono no geral.
Este ano, com um novo código já em vigor, que dá mais valor à parte artística, beneficiando o estilo das brasileiras, a equipe conseguiu uma história medalha de bronze na etapa de Pesaro (Itália) da Copa do Mundo na prova mista, atrás somente de Itália e Bulgária. Ali, foi dado o recado que o Brasil podia competir com as melhores do mundo, o que acaba por afetar, positivamente, a avaliação dos árbitros.
INDIVIDUAL
O Brasil teve um bom desempenho na competição individual do Mundial, mas não tão bom quanto no passado. Geovanna Santos foi a melhor brasileira, em 23º lugar, a cinco de uma vaga na final geral. Nas maças, uma das quatro provas que compõem a competição individual, ela foi 12ª, ficando a quatro lugares da final.
Bárbara Domingos, que volta de cirurgia, terminou em 41º lugar geral e em 21º nas fitas, seu melhor aparelho. No ano passado, ela havia conseguido uma história 17ª colocação, na primeira participação do Brasil em uma final individual, depois de passar em 13º. “Estou muito feliz por ter concluído o meu primeiro Mundial muito bem. Se não fosse uma queda no final da bola, teriam sido quatro séries cravadas. Mas nossa modalidade é assim mesmo, acontece. Agora é continuar batalhando, treinando muito e competindo para poder chegar em 2024 em Paris e estar realizando mais uma vez o sonho de participar de uma Olimpíada, desta vez no individual”, comentou Geovanna.
Ainda que Babi não tenha repetido a campanha de 2021, o resultado do Brasil é positivo porque o desempenho de Geovanna é o segundo melhor de uma brasileira em todos os tempos em Mundiais. Até então este posto também pertencia a Bárbara, 31ª em 2019.
Como escreveu a coluna no ano passado, esses resultados são marcos no esporte no Brasil, porque a ginástica rítmica, popularmente chamada de GR, é uma modalidade com uma base grande de praticantes, maior inclusive do que a ginástica artística, mas ainda era carente de feitos expressivos internacionalmente. O país até tinha uma tradição de medalhas de ouro em Jogos Pan-Americanos no conjunto, mas, até o ano passado, nunca havia se destacado em um Mundial.
Pensando em Jogos Olímpicos de Paris, o Brasil vira favorito a uma vaga no conjunto, já que foram distribuídas três vagas neste Mundial, para Itália, Bulgária e Israel) e serão mais cinco no do ano que vem, beneficiando as oito melhores equipes do mundo. Além disso, há uma vaga para o campeão do Pan de 2024.
Mas no individual o Mundial mostrou duas norte-americanas à frente da melhor brasileira. O Mundial deste ano distribui três vagas e, o do ano que vem, mais 14. Os países que não classificarem ninguém poderão depois brigar por vagas continentais. Há somente uma pelo Pan de 2024.
FolhaPress