REINALDO SILVA
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O preparo da linguiça é baseado na culinária dos colonos. A receita não leva conservantes ou amido e os temperos são naturais. “Coisa do vô e da vó”, resume Henrique Schueroff, proprietário do Supermercado Rohling, no Distrito de Graciosa, em Paranavaí.
O alimento produzido a partir de carnes bovinas e suínas é levado para a geladeira do estabelecimento e comercializado diariamente. A embalagem estampa a certificação emitida pela Secretaria de Agricultura: todos os critérios foram devidamente cumpridos e não há riscos para a saúde dos consumidores. O Serviço de Inspeção Municipal de Produtos de Origem Animal (SIM-POA) é baseado em regras de fiscalização sanitária e industrial, mas a comercialização só pode ser feita em Paranavaí.
A ideia da Prefeitura é acabar com a restrição e garantir que alimentos de origem animal e derivados produzidos em Paranavaí possam ser vendidos em todo o território estadual. Para isso, apresentou na Câmara de Vereadores o Projeto de Lei 100/2022, que trata da adequação da atual legislação às diretrizes da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar).
O texto aponta os objetos de inspeção: animais destinados à matança e produtos e matérias-primas, pescados e derivados, leite e derivados, ovo e derivados e produtos de abelhas e derivados comestíveis.
A fiscalização será feita em locais onde sejam obtidos, recebidos, manipulados, beneficiados, industrializados, fracionados, conservados, armazenados, acondicionados, embalados, rotulados e expedidos. Vale para todos os estabelecimentos que manipulem alimentos de origem animal, com ou sem adição de produtos vegetais, incluídas as agroindústrias de pequeno porte.
De acordo com o veterinário e coordenador do SIM-POA da Secretaria de Agricultura, Marcelo Schmitz de Oliveira, atualmente, há 18 empresas de Paranavaí registradas. São produtoras de linguiças, almôndegas, hambúrgueres, queijos, espetinhos e outros itens alimentícios.
Cuidados – A zootecnista Tayná Vasconcelos Matzkeit é a responsável técnica pelo Supermercado Rohling, de Graciosa, cadastrado no SIM-POA. Ela explica que os cuidados para obter e manter o SIM-POA são constantes: limpeza do ambiente, higienização dos alimentos, cuidados com vestimentas e adereços das pessoas que fazem a manipulação, preparo e conservação. Sempre que é necessário, faz as correções para manter o padrão exigido pela legislação.
Cada alimento de origem animal produzido dentro do mercado precisa de um requerimento específico. Além dos ingredientes, constam informações nutricionais, data de fabricação e data de validade. Esses dados também precisam estar descritos na embalagem, sejam produtos frescos, sejam congelados.
Na avaliação da zootecnista, os cuidados são fundamentais para garantir alimentos seguros à população. “Ter o selo da Prefeitura representa a qualidade do produto. É uma questão de saúde pública.” A testagem é feita constantemente pelos fiscais municipais, que podem escolher qualquer item de origem animal ou derivado, aleatoriamente, para submeter a análises laboratoriais.
Economia – A possibilidade de comercializar os alimentos em outras cidades paranaenses não chama a atenção do empresário Henrique Schueroff, dono do Supermercado Rohling. A capacidade de produção é pequena e o aumento na procura poderia sobrecarregar os funcionários.
O coordenador do SIM-POA destaca que o volume de produtos ainda é pequeno e há muito espaço para crescer. As alterações na legislação municipal e a chance de vender para todo o Paraná poderão motivar empresas de Paranavaí a ampliar a lista de alimentos. Será um fator de geração de empregos e fortalecimento da economia local, pondera Marcelo Schmitz de Oliveira.
Trâmites – O PL 100/2022 foi aprovado em primeira votação na sessão ordinária de 12 de setembro. Agora, voltará ao plenário da Câmara de Vereadores para a segunda apreciação. Se novamente passar pelo crivo dos parlamentares, seguirá para a sanção do chefe do Executivo.
Feitas as devidas alterações e adequações, o texto será reavaliado pela equipe técnica da Adapar, que poderá ou não sugerir outras mudanças. Conforme Marcelo Schmitz de Oliveira, todos os apontamentos serão aplicados até que os produtores de Paranavaí estejam aptos para vender alimentos de origem animal e derivados em outros municípios do Paraná.