Os aterros são responsáveis pela emissão do gás metano na atmosfera, que é cerca de 25 vezes superior e mais prejudicial se comparado ao CO2. Dessa forma, cada vez mais empresas e governos buscam soluções para a destinação adequada de resíduos sólidos fortalecendo o conceito da economia circular. Ou seja, o reaproveitamento dos materiais descartados para inseri-los na cadeia de produção, visando sobretudo a redução de impacto no meio ambiente.
Para garantir a melhor disposição do lixo urbano e industrial, o setor do cimento tem desempenhado papel importante na economia circular com a tecnologia do coprocessamento. Entre os principais exemplos de resíduos reaproveitados pelas cimenteiras estão os industriais, pneus usados, da agroindústria (como palha de arroz, casca de babaçu e caroço de açaí), e mais recentemente os Resíduos Sólidos Urbanos – fração não reciclável.
A atividade atende as mais altas exigências ambientais e é regulamentada pela Resolução do CONAMA de Coprocessamento de Resíduos em Fornos de Cimento — Nº 499/2020. Esse importante documento que completa dois anos no próximo dia 6 de outubro, substituiu a primeira versão que estava em vigor há mais de 20 anos. Com isso, foram atualizadas as definições e parâmetros de emissão com base nas mais modernas Normas Europeias e Internacionais. Ao mesmo tempo, foi também inserido o conceito de Resíduo Sólido Urbano e formas de tratamento térmico, bem como de medicamentos vencidos ou fora de especificação, dentre outros.
Dos anos 2000 pra cá, mais de 20 milhões de toneladas de resíduos foram destinados adequadamente e utilizados como fonte energética renovável em substituição ao combustível fóssil, tradicionalmente utilizado na fabricação do cimento. O percentual de utilização de combustíveis alternativos dentro da matriz energética do setor saltou de 9% para 28%. Em termos absolutos, de 300 mil toneladas em 2000 para 2 milhões de toneladas de resíduos.
Com isso, até 2050, a indústria do cimento espera alcançar uma taxa de utilização de 55% destes combustíveis alternativos dentro da matriz energética, evitando que 55 milhões de toneladas de CO2 sejam lançadas na atmosfera. Para isso, além dos investimentos em tecnologia já realizados, é necessário avançar na gestão adequada de resíduos por parte do poder público e privado.
A indústria, por intermédio da ABCP vem empenhando esforços para contribuir no desenvolvimento técnico dos profissionais e equipes que lidam com coprocessamento, promovendo, além da troca de conhecimento, cursos de capacitação sobre a tecnologia do coprocessamento e a gestão de destinação de resíduos.
A tecnologia e a gestão são aliadas da economia circular, porque, além de gerarem empregos, proporcionam a preservação de recursos naturais, redução de gases de efeito estufa, erradicação dos lixões, melhoria da saúde pública e aumento da vida útil dos aterros.