NATHALIA GARCIA
DA FOLHAPRESS
A Caixa Econômica Federal liberou R$ 1,8 bilhão em empréstimos consignados para 700 mil beneficiários do Auxílio Brasil e do BPC (Benefício de Prestação Continuada) em três dias de operação na última semana.
O valor médio do empréstimo ficou em torno de R$ 2.600, segundo Daniella Marques, presidente da Caixa, na entrevista coletiva do lançamento da ação Caixa Pra Elas Empreendedoras nesta segunda-feira (17).
Marques disse que houve “muita tentativa de fraude no programa” nos primeiros dias de operação, sem dar detalhes sobre o tema, e ressaltou que o banco leva 48 horas para creditar os recursos na conta do beneficiário.
A Caixa começou a oferecer o novo empréstimo na última terça-feira (11). A taxa de juros é de 3,45% ao mês -um pouco abaixo do teto de 3,5% ao mês fixado pelo Ministério da Cidadania. O empréstimo poderá ser feito em até dois anos, em 24 parcelas mensais e sucessivas.
Às vésperas do segundo turno das eleições, a Caixa anunciou que irá liberar R$ 1 bilhão em crédito para impulsionar a formalização de mulheres empreendedoras que hoje atuam no mercado sem CNPJ.
Aquelas que estejam negativadas também poderão ter acesso ao crédito de até R$ 1.000, a uma taxa de juros de 3,6% ao mês, desde que passem pelo processo de formalização como MEIs (microempreendedoras individuais). O valor pode ser solicitado até 19 de novembro, Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino.
Com a nova ação, a Caixa tem a expectativa de formalizar um milhão de mulheres. Ao todo, são 30 milhões de empreendedoras no Brasil hoje, incluindo beneficiárias do Auxílio Brasil, autônomas e informais.
Segundo Marques, pesquisas qualitativas mostraram que cerca de 70% dos beneficiários do Auxílio Brasil têm algum tipo de atividade informal ou autônoma. O programa atenderá, até o fim de outubro, 21,13 milhões de famílias, sendo mais de 80% chefiadas por mulheres.
“Ela [empreendedora] abre uma MEI, realiza o curso no Sebrae gratuito, adaptado para essa ação, também terá meio remoto por celular ou WhatsApp e ações locais por todo o Brasil. Quando ela se formaliza, abre a MEI, faz o curso e já vai ter o acesso, mesmo se estiver negativada, de crédito de até R$ 1.000 para dar esse primeiro passo”, disse Marques.
As mulheres que recebem o Auxílio Brasil podem formalizar seus empreendimentos sem perder direito ao benefício, afirmou a presidente da Caixa, reforçando que as duas iniciativas de crédito oferecidas pelo banco podem ser conjugadas e não são excludentes.
“São complementares, quem está acessando o consignado do Auxílio [Brasil], e a demanda é enorme, a gente quer usar essa ação para apoiar a formalização entendendo que boa parte desses recursos tem como destino comprar mercadoria hoje, mas o negócio é informal”, disse.
“Isso é uma rampa de apoio para formalizar e, uma vez formalizado, ali na frente, vai ter acesso a crédito mais barato e vai dar fôlego para o negócio”, acrescentou.
De acordo com a Caixa, a nova iniciativa em parceria com o Sebrae tem também como objetivos a promoção da capacitação e o oferecimento de soluções de crédito.
A população feminina representa uma parcela do eleitorado na qual o presidente Jair Bolsonaro (PL) encontra resistência. Bolsonaro terminou o primeiro turno atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e tem usado o Auxílio Brasil como trunfo em sua campanha de reeleição.
Questionada sobre a nova liberação de crédito a menos de duas semanas do segundo turno eleitoral, que será no dia 30, Marques afirmou ter “autonomia técnica para exercer a presidência do banco”.
A nova iniciativa faz parte de uma série de ações voltadas para mulheres anunciadas por Marques desde sua posse, no início de julho, depois que Pedro Guimarães pediu demissão sob acusações de assédio sexual contra empregadas do banco.
Em agosto, o banco lançou o programa Caixa Pra Elas, com a promessa de ações de acolhimento, orientação financeira e atendimento exclusivo para o público feminino em agências e outros canais do banco. Até o fim do ano, a expectativa é de que 4.000 agências da Caixa contem com esse espaço.
A Caixa anunciou, em setembro, a ampliação de medidas destinadas para mulheres, incluindo taxas de crédito mais baixas, pausa nos pagamentos de prestações em caso de maternidade ou adoção e isenção de parte das tarifas de produtos do banco público.