DA FOLHAPRESSS
Um dos grandes momentos do esporte foi a relação entre o alemão Lutz Long e o americano Jesse Owens nas Olimpíadas de Berlim, em 1936.
Owens chegou aos Jogos Olímpicos como uma grande estrela do atletismo com chances reais de vencer os 100m, 200m, 4x100m e salto em distância. No entanto, isso não era do agrado da mística racista do nazismo hitlerista.
Jesse buscava sua segunda medalha do evento no salto em distância mas, na fase de qualificação, falhou em duas tentativas. Uma delas escandalosa, porque os juízes contaram uma simples corrida de aproximação como tentativa. Antes do terceiro salto, ele foi abordado por Long, detentor do segundo recorde mundial.
Lutz foi até Owens e o aconselhou sobre o ponto de decolagem. Na terceira tentativa, o americano pulou a distância necessária sem problemas. Após isso, ele ganhou a final e conquistou o ouro. Long, que ficou com a segunda colocação, foi o primeiro a parabenizá-lo.
Apesar da teoria racial do Führer determinar que os arianos deveriam mostrar sua superioridade sobre as ‘raças inferiores’, tanto fisicamente quanto no tratamento, Long provou ter entendido o espírito olímpico.
Esta semana, a prata que Lutz Long ganhou mudou de dono. A operadora especializada em coleta esportiva SCP Auction a colocou no mercado com um preço inicial de 50 mil dólares (R$ 263,45 mil, na cotação de hoje). Foram 20 lances e, finalmente, o preço final foi de 488,43 mil dólares (R$ 2,57 milhões). De acordo com um porta-voz da empresa, é o preço mais alto já pago por um prêmio de segundo lugar. A medalha veio dos herdeiros da família do atleta.
O Terceiro Reich se vingou da ‘humilhação’ que consideraram o comportamento de seu atleta. Long continuou com sua carreira esportiva, mas, quando a guerra eclodiu, ele foi enviado para a linha de frente, e em 1943 ele foi morto em ação na Sicília.
Em uma ocasião, Owens disse “o valor de todos os troféus que ganhei não é tanto quanto minha amizade com Lutz Long. Ele foi muito corajoso por ser meu amigo naquele ambiente, diante de Hitler”. O americano morreu em 1981.