Proclamação da República
Século dezenove. Embora todas as liberdades públicas, que a monarquia desenvolvera em nosso país, ela ainda falava da influência portuguesa.
Por causa disso, a república era considerada, pela comunidade brasileira, como a fórmula de governo compatível com a evolução do país e com a posição cultural do seu povo.
A ideia era genuinamente nativista. Alcançara todas as inteligências. Desde a lei de 13 de maio de 1888, a abolição da escravatura, que ferira os interesses particulares das classes conservadoras, a República se anunciava.
Por toda parte, em ambientes civis ou militares, acendiam-se as tochas do idealismo republicano.
Como tantos outros acontecimentos, a Proclamação da República brasileira se fez sem derramamento de sangue.
Os tempos que antecederam ao grande feito foram de intensa atividade. Todas as grandes cidades do país se entregavam à propaganda aberta das ideias republicanas.
Os espíritos mais eminentes do país preparavam o grande acontecimento.
Então, a 15 de novembro de 1889, com a bandeira do novo regime nas mãos de Benjamin Constant, Quintino Bocaiuva, Lopes Trovão, Serzedelo Correa, Rui Barbosa e toda uma plêiade de inteligências cultas, o marechal Deodoro da Fonseca proclamou, inopinadamente, no Rio de Janeiro, a República dos Estados Unidos do Brasil.
O imperador D. Pedro II recebeu a notícia com amarga surpresa.
Entretanto, o nobre monarca repeliu as sugestões de espíritos apaixonados da coroa para a reação. Preparou rapidamente sua retirada, com a família imperial, para a Europa, em obediência às imposições dos revolucionários.
Consigo levou um travesseiro de terra do Brasil, a fim de que o amor da pátria brasileira lhe santificasse a morte, no seu exílio de saudade e pranto.
Eram as vésperas do seu regresso à Pátria da Imortalidade.
* * *
Ao recordarmos, nesta data, o acontecimento, cabe-nos agradecer aos idealistas de então pelo legado.
Transcorridos cento e trinta e dois anos da Proclamação da República, quando a nação se veste de alegria para a comemoração, o feriado nacional se apresenta, é de nos indagarmos o que temos feito da nossa República.
Recordamos o entusiasmo de Pero Vaz de Caminha, que chegou com Pedro Álvares Cabral ao Brasil, ao se dirigir ao rei de Portugal:
Uma terra tão pródiga que em nela se plantando, tudo dá.
Será que os ideais de igualdade, de fraternidade, e engrandecimento também?
Com o legado de um território tão grande, uma terra tão rica e a luz do Evangelho do Cristo a brilhar no céu de anil, o que nos falta para sermos a nação mais rica de amor da face da Terra?
Quando passaremos a nos preocupar mais pelo nosso irmão, pela nação e menos pelos nossos próprios interesses?
Bem vale aqui a célebre frase do patriota em dias de batalha: O Brasil espera que cada um cumpra seu dever.
O Brasil cristão aguarda que cumpramos nosso dever de cidadãos nobres. Dever de patriota que não somente respeita os símbolos nacionais da bandeira, do brasão, do Hino Nacional, mas vive com dignidade, todos os dias, honrando a Terra do Cruzeiro.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. O fundador da República Brasileira, do livro Homens que fizeram o Brasil, de Luiz Waldvogel, Casa Publicadora Brasileira, e no cap. XXVII do livro Brasil, coração do mundo,
pátria do Evangelho, pelo Espírito Humberto de Campos, psicografia de
Francisco Cândido Xavier, ed. FEB.
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