LUCIANO TRINDADE E ALEX SABINO
DOHA E LUSAIL, QATAR (FOLHAPRESS) – Exames feitos nesta sexta-feira (25) apontaram que as lesões do atacante Neymar e do lateral direito Danilo são mais graves do que o previsto, e ambos estão fora da fase de grupos da Copa do Mundo. A equipe médica do Brasil agora corre com o tratamento para deixar os atletas prontos para a fase final do Mundial.
A equipe comandada por Tite enfrenta a Suíça na segunda-feira (28), e Camarões, na sexta (2).
Neymar e Danilo se machucaram na estreia do Brasil, vitória sobre a Sérvia, por 2 a 0, na quinta-feira (24), em Lusail. O médico da seleção brasileira, Rodrigo Lasmar, afirmou que foi feita ressonância magnética nos dois atletas.
“Os exames mostraram uma lesão ligamentar lateral no tornozelo direito do Neymar, junto com pequeno problema ósseo, e uma lesão ligamentar medial no tornozelo esquerdo do Danilo. Os jogadores continuam em tratamento”, disse.
Segundo o médico, é preciso “ter calma” e fazer uma avaliação é diária. “Posso adiantar que não teremos os dois jogadores no próximo jogo, mas eles permanecem em tratamento com nosso objetivo de tentar recuperá-los a tempo para essa competição”, afirmou.
Neymar chegou abatido ao Westin Doha Hotel, onde a seleção brasileira está hospedada no Qatar. Já nesta manhã, o pai do atleta conversou com ele e sentiu o filho mais animado e otimista, segundo apurou a reportagem. O jogador contou que passou um filme em sua cabeça das lesões que prejudicaram a trajetória dele nos Mundiais de 2014 e 2018.
Logo após a partida, apesar da boa exibição brasileira, havia um clima de apreensão entre os atletas brasileiros. Neymar foi um dos últimos a deixar o vestiário em direção ao ônibus que levou a equipe de volta para a concentração.
Ele usava dois meiões pretos e estava de sandálias. Caminhava devagar, mancando muito e estava acompanhado de um assessor de imprensa da CBF e um segurança. Normalmente, quando não quer falar com a imprensa, ele apenas caminha com fones de ouvido. Desta vez, pediu compreensão aos repórteres presentes.
O semblante dele refletia, também, frustração. A lesão entrou para uma longa lista de problemas físicos que atormentam o craque desde 2017, quando ele trocou o Barcelona pelo Paris Saint-Germain.
No Mundial no Qatar, a contusão veio justamente num momento em que ele se preparou para deixar esse histórico para trás e disputar a competição em sua plenitude física, algo que neste momento é incerto.
Com exceção à atual temporada, em que disputou 20 das 22 partidas do PSG antes da pausa para o Mundial -marcou 15 gols e deu 12 assistências-, o brasileiro também ficou fora de jogos importantes a partir de sua chegada à Paris, na temporada 2017/18.
Foram seis contusões graves, que tiraram ele de campo em, ao menos, 66 partidas do time, somando as cinco temporadas anteriores à atual.
O problema físico mais recente pelo clube foi em novembro de 2021, quando também machucou o tornozelo. Neste caso, o esquerdo. Ele sentiu a lesão nos minutos finais da partida contra o Saint-Étienne, pelo Campeonato Francês. Acabou ficando fora de 13 partidas. Só voltou a jogar em fevereiro do ano seguinte.
Em média, ele disputou 28,8 jogos em cada uma das temporadas 2017-18, 2018-19, 2019-20, 2020-21 e 2021-22.
O número representa uma queda de 38% na presença dele em comparação com a média de jogos com a camisa do Barcelona. Em quatro temporadas na Catalunha, de 2013 a 2017, ele disputou 186 duelos, uma média de 46,5 por jornada.
Membros do staff de Neymar, ouvidos pela reportagem no Qatar, disseram entender que todo o jogador tem um calcanhar de Aquiles. No caso do camisa 10, é o tornozelo. Nos últimos cinco anos, foram quatro lesões, duas no esquerdo e duas no direito, incluindo a mais recente.
“Assim como o Ronaldo tinha o joelho, o Kaká o quadril, o Neymar sofre com o tornozelo. Por isso ele tem essa recorrência de lesão”, comentou uma pessoa próxima ao atleta, que está em Doha.
Em junho de 2019, o craque já havia sofrido uma lesão no mesmo tornozelo direito. Na ocasião, acabou cortado da seleção brasileira às vésperas da Copa América. Foram três meses de recuperação.
Evitar problemas físicos já era uma preocupação do brasileiro antes mesmo do início da temporada. Por isso ele se apresentou com uma semana de antecedência ao início oficial da pré-temporada do PSG, em julho.
Daí a frustração com a lesão logo na estreia da Copa. “Ele nunca esteve tão leve de espírito desde que chegou a Paris. Esteve leve, tranquilo, aliviado, mas acabou levando azar”, comentou outro membro de seu staff.
Apesar de mais leve espiritualmente e psicologicamente, Neymar passou por uma transformação física nos últimos anos, sobretudo desde que deixou o futebol brasileiro, em 2013. Naquela época, enquanto vestia a camisa do Santos, ele mantinha seu peso em 64,5 kg. Agora, com ganhos de massa muscular, pesa 68 kg.
Profissionais ouvidos pela reportagem, contudo, acreditam que essa mudança não teria relação com as sucessivas lesões.
LESÃO DE NEYMAR DESDE SUA CHEGADA AO PARIS SAINT-GERMAIN
Novembro de 2022 – Tornozelo direito
Novembro de 2021 – Tornozelo esquerdo
Fevereiro de 2021 – Músculo adutor esquerdo
Dezembro de 2020 – Tornozelo esquerdo
Junho de 2019 – Tornozelo direito
Janeiro de 2019 – Metatarso do pé direito
Fevereiro de 2018 – Metatarso do pé direito
“No caso específico do Neymar, ele não teria muito problema com esse ganho de massa muscular porque ele é um atleta que sempre foi ágil. E o tornozelo suporta tranquilamente esse ganho de peso, portanto não vejo como um problema para as articulações dele”, comentou o preparador físico Walmir Cruz, que trabalhou por oito anos na comissão técnica do Corinthians, de 2009 a 2017.
O profissional, que atuou em duas épocas ao lado de Tite no clube paulista (2010-13 e 2015-16), períodos nos quais acumulou tarefas importantes, como manter a forma física de Ronaldo na passagem dele pela equipe, de 2009 a 2011, acredita que o problema enfrentado por Neymar tem mais ligação com a postura dos adversários.
“Infelizmente, uma das armas dos adversários é justamente parar o Neymar com faltas por cima, por baixo, do jeito que der”, disse Walmir.
De fato, o brasileiro foi o jogador mais caçado da primeira rodada da fase de grupos da Copa do Mundo. Ele sofreu nove faltas. Gavi, da Espanha, é o segundo nesta lista, com cinco.
Na Copa do Mundo da Rússia, em 2018, Neymar também foi o jogador que mais sofreu faltas, com 26 nos cinco jogos que disputou.
Quatro anos antes, ele já havia sofrido aquela que talvez tenha sido a falta mais dura de sua carreira, quando recebeu uma joelhada nas costas do colombiano Zúñiga e acabou deixando o Mundial no Brasil nas quartas de final. Sem ele, o time comandado por Luiz Felipe Scolari acabou derrotado por 7 a 1 pela Alemanha na fase seguinte.
Tite, no entanto, está confiante de que ainda poderá contar com o atleta. Sem saber quando voltará a tê-lo à disposição, o treinador disse que não pensa na possibilidade de ter de cortá-lo do elenco.
“Pode ter certeza que o Neymar vai jogar a Copa, tenho certeza absoluta disso. Ele vai jogar a Copa.”
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