No que Maria e José talvez tenham pensado ao se aproximar de Belém? Por que José e Maria passaram a noite num estábulo?
Maria deve ter dado um suspiro de alívio quando avistou Belém. Ao subir as encostas dos montes, passando por olivais — entre as últimas safras a serem colhidas —, Maria e José talvez tenham pensado na história daquele pequeno povoado. A cidade era insignificante demais para ser contada entre as cidades de Judá, assim como havia dito o profeta Miqueias; mas era o lugar onde nasceram Boaz, Noemi e, mais tarde, Davi, todos mais de mil anos antes.
Maria e José encontraram o povoado lotado. Outras pessoas tinham chegado antes deles para se registrar, por isso não havia mais lugar no alojamento. * Eles não tinham escolha a não ser passar a noite num estábulo.”
Não é difícil imaginar a preocupação de José ao ver sua esposa sentir uma dor muito forte, que começou a aumentar. Ela nunca tinha sentido uma dor assim! E foi justo ali, naquele lugar, que Maria começou a ter dores de parto.
Onde Maria colocou o bebê, e em que sentido a realidade foi diferente das encenações, pinturas e cenas da natividade?
É nesse ponto que o relato acrescenta um detalhe bem conhecido: “Ela o enfaixou e deitou numa manjedoura.” (Lc 2,7) Encenações, pinturas e cenas da natividade no mundo todo costumam ser apresentadas com sentimentalismo. Mas pense na realidade. Uma manjedoura é um cocho, um recipiente em que se coloca comida para os animais. Lembre-se que a família estava num estábulo, um lugar em que dificilmente haveria ar puro e higiene — nem naquela época nem hoje. De fato, que pais escolheriam um local assim para o nascimento do filho caso houvesse outras opções? A maioria dos pais quer o melhor para os seus filhos. José e Maria queriam mais ainda, afinal aquela criança era o Filho de Deus!
De que modo Maria e José fizeram o melhor com o que tinham? Como pais sábios hoje podem estabelecer prioridades similares às de José e Maria?
No entanto, eles não ficaram amargurados por causa de suas limitações; simplesmente fizeram o melhor que puderam com o que tinham. Note, por exemplo, que a própria Maria cuidou do bebê. Ela o enfaixou e o colocou com cuidado para dormir na manjedoura, certificando-se de que ele estivesse bem quentinho e seguro. Maria não deixou que a ansiedade gerada por aquelas circunstâncias a impedisse de fazer o seu melhor. Tanto ela como José sabiam também que cuidar do filho em sentido espiritual seria a coisa mais importante que poderiam fazer por ele.
Hoje, pais sábios também estabelecem prioridades similares ao criar seus filhos neste mundo espiritualmente pobre.
Uma visita encorajadora
Por que os pastores estavam ansiosos para ver a criança? O que os pastores fizeram depois que viram Jesus no estábulo?
De repente, uma comoção interrompeu aquela cena pacífica. Pastores entraram às pressas no estábulo, ansiosos para ver a família e, em especial, a criança. Esses homens estavam cheios de emoção, seus rostos irradiavam alegria. Eles tinham vindo correndo dos montes, onde estavam vivendo ao ar livre cuidando dos seus rebanhos. * Os pais da criança ficaram curiosos para saber o que estava acontecendo. Então, os pastores passaram a lhes contar a experiência maravilhosa que haviam acabado de ter. Lá nos montes, durante a vigília da noite, apareceu repentinamente um anjo. A glória de Javé brilhou em volta deles, e o anjo lhes disse que o Cristo, o Messias, tinha acabado de nascer em Belém. Eles encontrariam a criança deitada numa manjedoura, enrolada em faixas. Daí, aconteceu algo ainda mais impressionante: apareceu uma poderosa multidão de anjos, louvando a Deus! — Lc 2,8-14.
Não é de admirar que esses homens humildes tenham vindo correndo para Belém. Devem ter ficado emocionados de ver um recém-nascido deitado ali exatamente como o anjo havia descrito. Eles não esconderam essas boas notícias. “Fizeram saber a declaração. E todos os que ouviram isso maravilhavam-se com as coisas que os pastores lhes contavam.” (Lc 2,17-18) Pelo visto, os líderes religiosos daqueles dias desprezavam os pastores. No entanto, fica claro que Javé valorizava esses homens humildes e fiéis.
Os pastores foram apressadamente à Belém! Uma “Luz” iluminou o local, uma “Estrela” brilhou, os anjos anunciaram: “Glória no mais alto do Céus e paz na terra aos homens por Ele amados!”.
Vamos à Belém para reconhecer o Salvador na forma de uma criança, prostremo-nos diante dele e o adoremos.
Desçamos até Nazaré para aprendermos e crescermos no que é de Deus. Andemos pela Palestina para sentirmos como Deus se aproxima dos pobres e abandonados. Caminhemos para Jerusalém a fim de vivermos a fidelidade ao Pai e a entrega generosa e sem limites em favor da vida.
F E L I Z N A T A L …
Frei Filomeno dos Santos O.Carm.