RENATO CARVALHO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ano de 2022 para bares, restaurantes e padarias refletiu todo o cenário instável vivido pelo Brasil em um ano de inflação alta, aumento dos juros, eleições e Copa do Mundo seguida de festas de final de ano. E por isso, depois de sofrer com a alta dos preços dos insumos, o setor vive uma forte recuperação no último trimestre.
Segundo o presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), Paulo Solmucci, o maior movimento trazido pela Copa do Mundo, entre novembro e dezembro, e a retomada de festas e encontros de final de ano ajudaram a compensar a diminuição nas margens de lucro que os proprietários foram obrigados a fazer, especialmente no primeiro semestre, quando a inflação atingiu seu pico em 2022.
“Vamos fechar o ano com números excepcionais em termos de vendas, com bom faturamento. Mas a inflação chegou a acumular 12% em 12 meses, na metade do ano, e na média, os bares e restaurantes conseguiram repassar menos de 7%”, conta Solmucci.
Décio Lemos, proprietário do Bar Balthazar, localizado em São Paulo, confirma o cenário geral contado pelo presidente da Abrasel. “Em alguns produtos, cortamos metade da margem. Quando a carne subiu muito, por exemplo, alguns pratos chegaram a dar prejuízo. Era uma época de retomada, após o período mais crítico da pandemia, e optei por essa estratégia para voltar a atrair clientes”.
Mas não foi só as margens que sofreram com a inflação alta em 2022. Uma pesquisa nacional realizada em setembro, feita pela Ticket com 1.200 estabelecimentos que vendem comida pronta, como restaurantes e padarias, revela que 64% tiveram queda no movimento por conta da inflação. Somente 12% dos entrevistados falaram em aumento da frequência, e 19% em estabilidade, enquanto 6% não souberam mensurar.
Segundo a Ticket, o preço médio da refeição em restaurantes teve um aumento de 48% entre 2013 e 2022, passando de R$ 27,40 para R$ 40,64.
Para Felipe Gomes, diretor geral da Ticket, os impactos da pandemia ainda não ficaram para trás no setor. “Não podemos ignorar os ajustes no atendimento que os estabelecimentos tiveram que fazer durante o período e que estão sendo revistos agora. Tudo isso acaba impactando o andamento do negócio”, explica.
FINAL DE ANO POSITIVO
Mas o último trimestre de 2022, especialmente os dois últimos meses, tem representado um alívio para os proprietários, com aumento do movimento e a inflação mais estável, o que permite uma retomada gradual das margens de lucro.
No Bar Balthazar, Décio Lima conta que precisou contratar funcionários para acompanhar a alta do movimento. “Já estamos adaptando os preços, ao mesmo tempo em que vamos buscar novas formas de buscar mais clientes. E vamos continuar nesse movimento, até porque acredito que o ano de 2023 vai começar muito bem”.
Solmucci, da Abrasel, ressalta que para o segmento como um todo, o ano de 2022 foi muito bom, principalmente com o aumento do Auxílio Brasil para R$ 600,00, que ajudou muito os pequenos estabelecimentos. “Mas no segundo semestre, as condições gerais melhoraram muito. Queda da inflação, menor índice de home office, Copa do Mundo, festas corporativas. A recuperação se consolidou”.
Ele confirma ainda o cenário apontado por Lima, de geração de empregos. Segundo a Abrasel, cerca de 45% dos associados estão com vagas abertas.
“Fechamos 2021 e começamos 2022 em um cenário bastante negativo, e agora estamos terminando bem o ano. Acredito que isso vai resultar em um bom começo de 2023, até porque teremos a continuação e até ampliação de programas sociais, com aumento do poder de consumo da população”, projeta Solmucci.
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