*Jaime Perroti
No Brasil, dos mais de 80 milhões de toneladas de lixo produzidas por ano, apenas 4% dos resíduos sólidos são reciclados. Com isso, segundo a Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos), o País perde pelo menos R$ 14 bilhões anualmente por não reciclar resíduos, que são descartados em aterros sanitários e lixões irregulares. Prejuízo financeiro e para o meio ambiente.
São diversos os fatores que contribuem para esse cenário, como falta de conscientização da população e de infraestrutura das prefeituras, entre outros. E mesmo após a coleta, as etapas do processo de reciclagem, dependendo do material, são bem complicadas.
Em diversas linhas de reciclagem, como a de resíduos plásticos ou de papel, não existem entradas controladas e previsíveis, processos repetidos e saídas idênticas. Embora outras indústrias estejam sendo altamente automatizadas por décadas, a reciclagem permanece dependente de pessoas que controlam os insumos, tomam decisões e participam diretamente do processo de produção por meio de triagem manual.
O maior obstáculo a superar continua sendo a natureza inerente do fluxo a de resíduos, altamente variável e imprevisível, já que as caçambas com material incluem diversos tipos de plásticos ou de papel, que precisam ser separados.
Por outro lado, essa triagem manual representa um importante mercado de trabalho, atividade que, de acordo com levantamento do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis, emprega cerca de 800 mil agentes ambientais.
Robôs com Inteligência Artificial poderiam fazer essa separação? Robôs já “invadiram” as linhas da indústria de reciclagem. Multitarefas, escaláveis e com soluções de Inteligência Artificial, eles são rápidos, precisos e podem separar uma infinidade de resíduos.
Projetos diferenciados – Mas em um País onde a reciclagem é uma relevante fonte de trabalho que emprega uma mão de obra não especializada, o que é mais importante? Investir em tecnologia ou ampliar a divulgação de práticas sustentáveis, infraestrutura para coleta, e oferecer melhores condições de trabalho para esses agentes?
Não temos dúvida de que existe espaço para a automação tanto nas cooperativas, que continuarão empregando mão de obra das comunidades próximas, quanto nas grandes empresas de reciclagem. É possível otimizar os processos agora existentes com soluções de automação, melhorando a produtividade e a segurança em toda a cadeia de reciclagem, não importando o tamanho do empreendimento. O que vai variar é o escopo do projeto.
Separação de produtos tóxicos – Não podemos esquecer de que existem processos de reciclagem industriais que envolvem produtos tóxicos e que precisam atender a requisitos de segurança, que vão além da automação de processos finais das linhas de resíduos domésticos e que não devem ser realizados por pessoas.
Nesse caso, a automação é a melhor solução, levando eficiência e segurança aos processos, como na reciclagem de baterias, que contêm diversos produtos tóxicos, como chumbo. As etapas que precisam ser concluídas para que a linha funcione sem problemas, direcionando cada material para o seu processo de transformação, são automatizadas, evitando riscos para os funcionários e, também, garantindo o correto descarte dos rejeitos.
Com a automação, o processo de reciclagem, não importando o seu porte, irá alcançar um novo patamar, com inovadoras tecnologias entregando maior produção e despesas operacionais muito menores.