No final do ano passado, o Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças – IBEF Paraná realizou o evento “O que esperar para os próximos 4 anos após as eleições de 2022?”. O encontro discutiu as expectativas e previsões do novo governo em relação ao cenário econômico e teve como palestrantes os economistas Felipe Sichel e André Matcin.
Os profissionais avaliaram o panorama em três grandes vias: macroeconômica, internacional e dentro das empresas. Dentro da primeira via, a questão levantada foi em relação ao teto de gastos. A PEC da Transição previu a retirada de R$ 200 bi do orçamento para ser destinado a medidas sociais. No final de dezembro, a PEC foi aprovada com o valor de R$ 145 bi do orçamento de 2023, que poderá ficar fora do teto. Felipe Sichel, que é economista Chefe do Banco Modal, explica que não há país que consiga bancar medidas de apoio social sem ter um orçamento saudável. “No contexto do Brasil, os caminhos para esse equilíbrio são desafiadores. Boa parte das mudanças de despesas dependem de leis e emendas”, diz.
Outro ponto importante em relação ao tema é se o orçamento cabe no PIB (Produto Interno Bruto) e qual a prioridade. “Fazer um orçamento é colocar prioridades e, no Brasil, temos orçamento razoavelmente grande, teria como encaixar, mas seria preciso avaliar como seria financiado. Ou será via tributário ou via inflação e isso acaba caindo em contradição com o programa de auxílio social, já que a inflação afeta desproporcionalmente as camadas de menor renda da sociedade. Em suma, não há como fazer uma boa política social sem ter uma boa política fiscal”, declara Felipe.
Já em relação à tributação de fundos de investimentos, o profissional avalia que qualquer movimento vem com um marco mais amplo da reforma tributária. “Todo governo vem com projeto de simplificação. É razoável supor que haverá discussões que irão afetar a tributação de dividendos. Provavelmente, estamos caminhando para uma reforma tributária mais taxativa e arrecadatória”, afirma.
Do ponto de vista internacional, o resultado das eleições brasileiras foi relevante, mas o cenário global já era desafiador. Tendo em vista que a inflação se fazia presente antes mesmo da pandemia da Covid-19. Sendo assim, as condições externas serão predominantes durante o ano de 2023 e a economia mundial possivelmente passará por um processo de desaceleração.
Diante disso, é válido destacar, segundo o economista Sênior do Itaú BBA, André Matcin, que o Brasil não apresenta dificuldades geopolíticas e problemas territoriais. “Pelo contrário, o país tem reservas cambiais, dívida em moeda nacional, Banco Central independente e suporte para aguentar a flutuação global. Portanto, é um ambiente propício para o Brasil. Nas empresas, os profissionais de finanças devem acompanhar de perto toda e qualquer movimentação, seja nacional ou internacional. É imprescindível que esse executivo financeiro esteja preparado para reagir às adversidades, já que o período ainda é de incerteza”, finaliza.