Os períodos de chuvas torrenciais intercalados com momentos de estiagem extrema é um fenômeno que vem afetando o cotidiano das cidades, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. “Os municípios precisam se preparar para as mudanças climáticas, que vão impactar cada vez mais na vida das localidades. Por isso, é importante investir em planejamento como forma de prevenir ou atenuar eventuais tragédias”, ressalta o engenheiro Ricardo Lazzari Mendes, presidente da Apecs (Associação Paulista de Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento e Meio Ambiente).
Entre 1970 e 2019, 44% de todos os desastres e 31% de todas as perdas econômicas estiveram relacionados a inundações, segundo dados da Organização Meteorológica Mundial. “A urbanização e o crescimento acelerado das cidades, sem o adequado planejamento, têm ampliado os desafios para os municípios diante das mudanças climáticas”, analisa o presidente da Apecs.
Mendes reforça a importância de ações de educação ambiental como forma de reverter os impactos causados pelas chuvas e pelas secas: “O cidadão precisa colaborar com a limpeza da cidade não jogando lixo na rua. Com as chuvas, esses resíduos ampliam os estragos. Por outro lado, a economia de água não deve ser estimulada apenas nos períodos de estiagem. Ela deve ser uma atitude adotada no dia a dia, por todos os cidadãos”.
O planejamento de curto, médio e longo prazo deve ser outra preocupação dos municípios. A construção de piscinões é uma das iniciativas no combate às enchentes. As prefeituras também podem estimular a construção de residências com áreas de jardins, que contribui para a permeabilidade do solo, por meio da redução do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), por exemplo.
As soluções baseadas na natureza também são importantes no combate às enchentes. “Os sistemas de biorretenção, também conhecidos como jardins de chuva, ajudam nos escoamentos superficiais”, explica o engenheiro. Segundo Mendes, os tetos verdes também fazem parte das ferramentas para o escoamento superficial das chuvas, bem como ajudam a reduzir o calor das edificações. Outra solução vem dos parques urbanos, inclusive aqueles que ladeiam corredores de ônibus.
“Diante de uma tempestade desproporcional, algumas soluções não conseguem reter água suficiente. Mas precisamos pensar na multiplicação dessas iniciativas, que podem ajudar a reduzir o impacto de eventuais chuvas”, afirma o presidente da Apecs.