*Renato Benvindo Frata
Jamais imaginei escrever fugindo de assuntos amenos, sem enfoque político ou religioso. Infelizmente as névoas que nos permeiam e que persistem nesse céu nebuloso, me fazem falar do descontentamento, da incerteza e, porque não da tristeza, frustração, raiva, remorso, humilhação, fracasso e até desconforto físico. A isso dou o nome de decepção! E constrangimento, por descobrir que não somente eu poderei ter errado na escolha do candidato que ajudei eleger, mas da maioria de eleitores, precisamente noventa por cento da população porque nove é o número de assinaturas no Projeto de Emenda à Lei Orgânica do Município (PL 01/2023) que proximamente será votado por nossos vereadores.
A imprensa noticia que por interesse de alguém a quem não revela, mas por certo com bala na agulha para mandar, nossos dignos edis formularam o Projeto de Emenda à Lei Orgânica do Município que altera o número de cadeiras do Legislativo de dez para 15; e o fazem sem darem aos munícipes – cujos impostos recolhidos aos cofres públicos pagam seus subsídios e mordomias justificativas plausíveis para tal, num claro, indigesto e indisposto menosprezo a nós que de boa-fé, os elegemos.
Não há – aparentemente – razão explícita que justifique o tal aumento de 50% das cadeiras com relação à necessidade, mesmo porque não vemos no dia a dia volume de trabalho de tal monta sendo desenvolvido que justifique esse esdrúxulo projeto.
Daí a se pedir a cada um dos autores que venha a público, preste suas contas e mostre as razões de tal intento; e que nessa pontue uma a uma suas realizações, que ofereça aos seus eleitores a quantidade de Projetos de Lei Complementar que apresentou ao longo desses dois anos de legislatura, quantos Projetos de Lei Ordinária, Decretos Legislativos, Projetos de Resolução, Requerimentos, Emendas, Indicações, Moções, Recursos apresentou, além de outra série de prerrogativas que lhes demos com nosso humilde voto.
Mais que isso, que informem quantos assessores agasalham em seus gabinetes e fora deles como suporte de seu trabalho, e quanto isso representa de despesa para o município somada ao que recebeu a título de subsídios, de despesas para viagens e outras benesses pagas pelo erário. E mais, que justifiquem esse aumento indesculpável de 50% nas despesas do Legislativo Municipal em tempo de crise e que justifiquem o injustificável, considerando que o momento econômico (que vai piorar segundo as previsões econômicas) pede cautela, profissionalismo, honestidade e, antes de tudo, parcimônia nos gastos.
Se o tempo é de mudança como se apregoou na campanha, que a realidade possa lhes mostrar que atos podem ser revistos e mais: que se abstraiam da obediência a quem possa ter ordenado esse gesto e depositem na lixeira esse indecente projeto, para que a daqui dois anos não precisem sair quais mendicantes em busca de votos, mas, de maneira altiva, na certeza de conquistaram eleitores.