*Mario Eugenio Saturno
Fica esclarecido que embora eu fale também de Ciência, aqui trataremos de uma visão teológica da criação do Gênesis. Já escrevi em artigo anterior que, aos 21 anos, eu era ateu quando li a criação do Gênesis, e vi ali o Big Bang, a cosmologia, a evolução, etc. A Teoria do Big Bang nasceu em 1927, quando o padre cientista Georges Lemaitre descobriu matematicamente a expansão do universo, finalmente sendo reconhecido há 5 anos, a Lei de Hubble agora chama-se Lei de Lemaitre-Hubble. Em 1931, Lemaitre propôs “A Hipótese do Átomo Primitivo”, apelidado jocosamente de “big bang” por Fred Hoyle, autor da teoria da criação constante, vigente até os anos 1970.
Costuma-se ensinar que Charles Darwin, na Origem das Espécies, lançado em 1859, tinha como hipótese o ser humano descender do macaco. Fiz uma pesquisa no livro de Darwin, pode-se achar o vocábulo “macaco” (monkey, ape) citado dez vezes somente e nenhuma como ancestral do homem. Certamente, homens e macacos tiveram um ancestral comum, já que pertencem à Família Hominidae: chimpanzés, gorilas, orangotangos e humanos.
No Gênesis, o hebraico “Adam” deriva de adamah (solo) e é uma palavra coletiva, podem ser vários homens, significando também fértil e “Eva” de havvah (viver), também um nome coletivo, significando gerar vida. Então, Adão simboliza todo homem e Eva simboliza toda mulher. Portanto, Adão e Eva existiram assim como existem hoje. Isso tem apenas um ensinamento teológico, Deus modela o homem como um oleiro modela o barro, fomos feito pelas mãos de Deus, à sua semelhança. A vida foi insuflada pelas narinas, o espírito (pneumatos, vento, sopro) vem de Deus. E a costela mostra que o homem e a mulher, são iguais e eles se completam e que essa igualdade leva à aproximação ao amor monogâmico.
Logo depois da criação do homem, vemos a narração da queda, a serpente convence Eva e Adão a comer o fruto da morte: “Podes comer do fruto de todas as árvores do jardim; mas não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal; porque no dia em que dele comeres, morrerás indubitavelmente” (Gn 2,16-17).
Depois, vemos o homem e a mulher culpando a outrem e a expulsão do Éden: Disse também à mulher: “Multiplicarei os sofrimentos de teu parto; darás à luz com dores”. E disse em seguida ao homem: “Porque ouviste a voz de tua mulher e comeste do fruto da árvore que eu te havia proibido comer, maldita seja a terra por tua causa. Tirarás dela com trabalhos penosos o teu sustento todos os dias de tua vida” (Gn 3,16-17). O cientista ateu Carl Sagan viu aqui uma inacreditável coincidência, pois o desenvolvimento da consciência, da empatia e da justiça (bem e mal) foi causado pelo rápido crescimento da fronte do cérebro e as mulheres ainda estão se adaptando no parto por causa do “cabeção”.
A inimizade entre a serpente e a mulher é uma prefiguração da salvação desenvolvida em Números (21,4-9), seguindo as instruções de Deus, Moisés eleva em um poste uma serpente de bronze: todo o que for mordido, olhando para ela, será salvo! Uma clara referência a Jesus pregado em uma cruz! Todo aquele que mirar o crucificado, será salvo!
*Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano