DA FOLHAPRESS
O presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Ednaldo Rodrigues, tem centralizado a decisão sobre o novo treinador da seleção. Para evitar vazamentos de informações, ele não conversa sobre o tema com sua família e proibiu funcionários e dirigentes da entidade de falar sobre o assunto à imprensa.
Só faltou combinar com os jogadores.
Há quase uma campanha promovida publicamente pelos atletas para que Carlo Ancelotti, 63, atualmente no Real Madrid, seja o escolhido para a vaga deixada por Tite, 61, logo depois do fracasso na última Copa do Mundo, no Qatar –os brasileiros foram eliminados nas quartas de final, pela Croácia.
Ainda sem treinador definido, o elenco brasileiro começa neste sábado (25) o novo ciclo, em vistas para a Copa de 2026 nos EUA, México e Canadá.
O grupo está reunido na cidade marroquina de Tânger, palco de um amistoso com a seleção de Marrocos, às 19h (de Brasília) –Band, ESPN, Star+ e o Canal Galvão Bueno no YouTube transmitem.
À beira do gramado, os jogadores serão comandados pelo interino Ramon Menezes, 50, o técnico do time sub-20, a quem o grupo tem dado apoio na difícil tarefa de reconstruir a equipe.
Nesta primeira etapa, o interino não vai poder contar com uma das principais peças do time. Com uma lesão no tornozelo direito, Neymar ficou fora da convocação. Mesmo que estivesse apto a jogar, não se sabe se ele seria chamado, uma vez que o próprio atleta deixou seu futuro na seleção indefinido após a Copa.
O primeiro grupo montado por Ramon, porém, tem 11 remanescentes do último Mundial e nove estreantes, como os palmeirenses Rony e Raphael Veiga.
Uma provável escalação para o duelo com os marroquinos teria: Ederson, Emerson Royal, Éder Militão, Ibañez e Alex Telles; Casemiro, Andrey Santos e Lucas Paquetá; Rodrygo, Vitor Roque e Vinicius Junior.
Embora tenha jogadores que, certamente, farão parte de todo o ciclo, é difícil para Ramon como interino estabelecer as bases da equipe para 2026.
Essa missão deverá ficar para o novo contratado que, na opinião dos jogadores que falaram publicamente sobre o tema, Ancelloti seria o nome ideal para a missão.
O escolhido pelos atletas também agrada Ednaldo Rodrigues, mas o dirigente teria de esperar até o fim da temporada europeia, no meio do ano, para fechar com o treinador. Este, aliás, seria o prazo máximo que a CBF estima para ter um novo contratado.
Apesar de o time madrilenho estar distante do Barcelona na briga pelo título do Campeonato Espanha, a equipe está nas quartas de final da Champions League, fase em que enfrentará o Chelsea, e dificilmente vai querer entrar em um acordo antes de concluir sua participação no campeonato europeu.
Em abril, o presidente da entidade tem uma viagem marcada para a Europa para tentar resolver a questão. Para contratar o italiano, teria de contar com uma liberação do Real Madrid antes do fim do contrato do comandante, que termina em junho de 2024.
Por Ancelloti, porém, valeria esperar. Dificilmente há consenso a respeito de um técnico para a seleção brasileira. E a ideia de um profissional estrangeiro sempre teve grande rejeição –às vésperas da última Copa, pesquisa Datafolha mostrava que 55% dos brasileiros se diziam contra a possibilidade.
Foi só a partir da derrota nos pênaltis para os croatas que isso passou a ser visto de outra forma na CBF.
Tanto que, além do treinador italiano, os portugueses José Mourinho, atualmente na Roma, Jorge Jesus, do Fenerbahçe, e Abel Ferreira, no Palmeiras, também estariam entre os favoritos de Ednaldo Rodrigues.
O espanhol Pep Guardiola é outro com enorme prestígio, mas a própria CBF entende que seria difícil tirá-lo do Manchester City. O goleiro Ederson, titular do time inglês e o novo dono da meta na seleção, contou que teve uma conversa com seu treinador e ouviu dele que “não havia possibilidade” de ele deixar o clube.
Ederson está entre aqueles que apostam em Ancelloti. “Eu estava até comentando com o Casemiro, Vini Jr, Militão, é grande a possibilidade de ele [Carlo Ancelotti] vir”, disse.
O goleiro não está sozinho. Rodrygo e Vinicius Junior, atletas do Real Madrid, fizeram elogios ao chefe e revelaram conversas com ele. “A gente fala em tom de brincadeira, mas todas brincadeiras têm um pouquinho de verdade”, disse Rodrygo à TV Globo.
“Ancelotti é o melhor treinador que eu já tive. Tenho um carinho muito grande por ele, e ele tem por mim. Acredito que, aqui [na seleção] ou no Real, ele vai me ajudar”, comentou Vinicius Júnior.
Multicampeão por importantes times europeus, como Parma, Juventus, Milan, Chelsea, PSG, Bayern de Munique, além do próprio Real, o italiano está acostumado a receber esse tipo de elogios dos brasileiros.
O ex-meia Kaká, por exemplo, costuma dizer que foi o melhor técnico com quem trabalhou ao longo de sua carreia. O ex-atacante Ronaldo é outro que frequentemente faz elogios sobre a forma como o técnico faz a gestão de seu elenco.
“No dia a dia, pude ver que ele é um dos melhores, por isso ele ganhou tanto, por isso ele é tão respeitado”, disse o atacante Vinicius Junior.
Após a partida contra Marrocos, a seleção só deve se reunir novamente em junho para uma nova rodada de amistosos. Os adversários ainda não estão definidos.
Já as Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026, que será realizada em conjunto por México, Canadá e Estados Unidos, terá seu início em setembro.
Das 32 seleções que disputaram a última Copa do Mundo, no Qatar, apenas três ainda não têm um técnico definitivo: Estados Unidos, Uruguai e Brasil. A CBF tem pressa para sair dessa lista.