FERNANDO NARAZAKI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Dar presentes na Páscoa e reunir familiares e amigos para celebrar a data vão exigir muita pesquisa do brasileiro para não comprometer o orçamento em abril, indica um levantamento divulgado nesta sexta-feira (31) pela FGV Ibre (Instituto Brasileiro da Economia da Fundação Getúlio Vargas).
Os produtos mais tradicionais da Páscoa registraram uma alta média de 12% em comparação ao ano passado. O índice é mais que o dobro da inflação, que está acumulada em 4,81% entre abril de 2022 e março de 2023 de acordo com o IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor).
O ovo (aumento de 27,31%) e a cebola (22,67%) são os grandes vilões do período. Os peixes, usualmente consumidos na Sexta-feira Santa e no domingo de Páscoa, também superam a casa dos 10%: atum (12,97%), sardinha em conserva (11,46%) e bacalhau (10,91%).
Nem o chocolate escapou de um aumento bem superior à inflação. Os bombons e as barras subiram 9,65%, mais do que o dobro da inflação no período.
Na pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, os preços do chocolate em barra e do bombom subiram 13,61% no Brasil, segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) entre fevereiro de 2022 e janeiro de 2023. Foi a maior variação desde fevereiro de 2017.
O aumento elevado ocorre em um momento que os custos registram queda desde o último trimestre de 2022, mas a desaceleração não foi suficiente para compensar a disparada que houve até o terceiro trimestre do ano passado.
“Desde 2020 até o terceiro trimestre do ano passado, vivemos um período de pressão sufocante de custos: problemas climáticos, forte desvalorização cambial, problemas energéticos, logísticos, entre outros, afetaram a oferta de vários alimentos no país”, explica o economista e pesquisador do FGV IBRE Matheus Peçanha.
O economista alerta que o consumidor tem de ficar atento nos próximos dias e pesquisar muito. “Os preços desses itens tradicionais podem subir mais ainda, dada a pressão sazonal da demanda às vésperas da Páscoa. Além disso, itens não contemplados no escopo do IPC, como os ovos de Páscoa e colombas pascais, devem sofrer igualmente com essa pressão de demanda pela tradição”, avalia.
SUPERMERCADOS ESPERAM CONSUMO MAIOR
Apesar do cenário de preços bem superiores à inflação, a Páscoa terá mais ofertas nos supermercados. Um levantamento feito pela Abras (Associação Brasileira de Supermercado), divulgado na semana passada, aponta que houve um aumento de 15% nas encomendas de produtos consumidos na data.
Opções mais baratas, os bombons de 77 g a 250 g representam 26,7% dos pedidos feitos pelos supermercadistas. Os mini-ovos, coelhos, barras de 60 g a 101 g são responsáveis por 25,1%, enquanto os ovos maiores de 100 g a 521 g equivalem a 20% do que estará a disposição dos consumidores.
Porém o chocolate não sairá barato. A Abras prevê que os ovos de chocolate estarão entre 13% a 18% mais caros do que no ano passado.
A expectativa do setor é que 50% das compras devem ser feitas na próxima semana, sendo que 20% deve ocorrer no sábado, véspera da Páscoa.