REINALDO SILVA
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Há pouco mais de um ano, no dia 4 de abril de 2022, a Unidade Morumbi da Santa Casa de Paranavaí iniciava as tão esperadas cirurgias eletivas, possíveis graças ao contrato da instituição com o Governo do Estado e as prefeituras da Região Noroeste, através do Consórcio Intermunicipal de Saúde (CIS/Amunpar).
Passado esse período, a meta de 312 procedimentos por mês ainda não foi alcançada. O resultado abaixo do esperado é explicado por entraves burocráticos e dificuldades de ordem prática, temas discutidos em reunião na noite de terça-feira (4). Participaram representantes da diretoria do hospital, médicos e a secretária de Saúde de Paranavaí, Andréia Vilar, presidente do Conselho Regional de Secretários Municipais de Saúde (Cresems).
Falaram sobre os principais gargalos no processo, desde o encaminhamento dos pacientes até a conclusão das cirurgias eletivas, assim chamados os procedimentos passíveis de agendamento por não serem considerados de urgência.
De maneira resumida: para que o paciente seja submetido a uma cirurgia eletiva, precisa estar com todos os exames pré-operatórios e a documentação em dia, o que requer uma série de etapas, passando pela secretaria municipal de Saúde, o CIS/Amunpar e a 14ª Regional de Saúde até chegar ao médico da Santa Casa.
Há complicadores no meio do caminho.
Existem casos em que faltam laudos, ou a distribuição de vagas é ineficiente, ou o paciente não comparece para a cirurgia, ou há dificuldades em alguma medida para a equipe de profissionais.
Sem os devidos ajustes e, portanto, sem cumprir a meta contratual de procedimentos por mês, as consequências ficam evidentes no âmbito municipal, com as filas de espera por cirurgias, e nas finanças da Santa Casa, que sofre penalidade e deixa de receber R$ 300 mil por mês do Governo do Estado.
Da parte dos médicos, a reclamação vai além da ausência de pacientes ou da falta de antecedência no agendamento das cirurgias. Também estão insatisfeitos com a demora no pagamento pelos procedimentos, problema com origem na defasagem da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS) e na morosidade dos repasses do Governo do Estado.
Avaliações – O diretor-técnico da Santa Casa, Jorge Pelisson, disse que o sistema de agendamento precisa ser otimizado. Pelo formato atual, o hospital não tem autonomia para definir os pacientes que passarão por cirurgias eletivas. A necessidade do intermédio da 14ª Regional de Saúde está dificultando.
De acordo com Pelisson, algumas especialidades carecem de profissionais ou há médicos que não se dispõem a fazer os procedimentos em razão da baixa remuneração. “Alguns valores não são factíveis pelo SUS.” É o caso da urologia, que utiliza materiais de alto custo.
O diretor-geral da Santa Casa, Héracles Alencar Arrais, opinou que a situação requer comprometimento de todas as instâncias envolvidas. “É uma engrenagem, se alguém falhar o sistema todo falha.”
A secretária de Saúde de Paranavaí afirmou que a reunião de terça-feira cumpriu o objetivo, entender quais são os problemas e unir forças na busca por soluções. “Em um ano, tivemos mudanças no fluxo de atendimentos e melhoramos. O que ficou claro é que ainda temos problemas burocráticos.”
Andréia Vilar destacou que Paranavaí quer reduzir para três meses o tempo de espera do paciente, da 1ª avaliação na UBS até a cirurgia. Essa conquista diminuirá a fila e a gravidade dos problemas de saúde. O empenho dos demais municípios também segue nessa direção, disse.
Soluções – A Santa Casa e o Conselho Regional de Secretários Municipais de Saúde buscarão com a 14ª Regional de Saúde formas de facilitar o agendamento dos pacientes e tornar o processo mais célere.
Também serão disponibilizadas mais consultas médicas, aumentando o fluxo de pacientes com necessidade de operar.
O assunto deverá ser apresentado para a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) pela secretária Andréia Vilar, em nome do Cresems.