ADÃO RIBEIRO
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Presidente da Câmara de Vereadores de Paranavaí, o médico Leônidas Fávero Neto é pré-candidato a deputado estadual. No entanto, para viabilizar a candidatura algumas condições devem ser preenchidas. Uma delas é o posicionamento do prefeito Carlos Henrique Rossato Gomes (KIQ), também apontado como possível postulante ao cargo. Os dois cenários estão atrelados à decisão do deputado estadual Tião Medeiros, pré-candidato a deputado federal e que, em tese, abriria o espaço no âmbito paranaense. A definição, informa Leônidas, deve sair até o mês de julho.
Isso porque, de acordo com a afirmação feita em entrevista exclusiva concedida ao Diário do Noroeste na tarde desta quinta-feira (17), em sua clínica, o presidente da Câmara disse que tem um acordo com KIQ de que a decisão será tomada no próximo mês. Na semana passada o prefeito informou ao DN que a posição final será tomada mais para frente, sem indicar prazo.
Se o prefeito acenar negativamente quanto à participação no pleito, então Leônidas iniciará os contatos com lideranças dos municípios para viabilizar a candidatura, “sem possibilidade de volta, mesmo com eventuais mudanças de cenário”. Se o prefeito for disputar, contará com o seu apoio, antecipa o vereador, sinalizando que também terá o apoio se for para o pleito. Ambos contam com a dobradinha com Tião Medeiros.
Desafios – KIQ tem a dificuldade extra de ter que renunciar ao mandato de prefeito até abril do ano que vem, conforme a legislação. O médico, por sua vez, pode se licenciar, retornando ao cargo de vereador em caso de insucesso nas urnas em 2022. Também há outras variáveis, como a repercussão de uma renúncia, além da sensação pessoal e prática de deixar um mandato por concluir, mesmo gozando de grande aprovação popular. Na reeleição, o prefeito teve mais de 64% dos votos. Atenuante é a confiança irrestrita no vice-prefeito, contabilista Pedro Baraldi, conforme revelado por KIQ.
Partido – Até a construção da candidatura há um longo caminho para além das alianças locais/regionais. A pavimentação da estrada passa pela filiação partidária. Atualmente no Cidadania, único partido de militância até então, Leônidas admite que terá que trocar de sigla para buscar viabilidade eleitoral.
Neste pleito não haverá coligações na proporcional, isto é, para deputados estaduais e federais. Em outras palavras, ideal é que as dobradinhas estejam alinhadas partidariamente. Tião ainda avalia o cenário e tem as opções de permanecer no PTB ou se filiar ao PP, entre outras possivelmente, não divulgadas.
Mesmo que tudo ocorra favoravelmente, o presidente da Câmara tem noção do tamanho do desafio pela frente. Avalia que a certeza de vitória deva acontecer apenas na faixa dos 50 mil votos. Em outras palavras, será uma candidatura, necessariamente, regional.
Mensagem do candidato – Se confirmado na disputa, Leônidas deve empunhar a bandeira do regionalismo. Lembra que o Noroeste passou por período de estagnação e viveu uma retomada a partir dos dois mandatos de Teruo Kato na Assembleia Legislativa, o que foi consolidado com outros dois mandatos de Tião Medeiros. “Não podemos perder as conquistas, mas sim, avançar”, reitera, referindo-se à representação também no plano federal.
Nesta direção, manter a cadeira na Assembleia Legislativa é garantir representação junto ao poder central do Estado e, por consequência, ter voz e acesso aos recursos para investimentos.
Por ser médico atuante regionalmente, Leônidas quer atenção especial para o setor de Saúde. Concorda que o debate passa pelo papel da Santa Casa de Paranavaí, incluindo a nova Unidade Morumbi.
O vereador pede uma reflexão sobre os reflexos da Covid-19 na comunidade. São sequelas da doença, inclusive psíquicas, que vão exigir atenção das políticas públicas. Sem contar o número de famílias que perderam pais e filhos, afetando até a estrutura econômica dos lares.
Também o postulante pretende mostrar o seu trabalho como vereador. No primeiro mandato foram onze projetos aprovados, sem contar indicações e requerimentos. Analisa que a chegada à presidência da Câmara neste ano encerra o seu ciclo na Casa de Leis. Portanto, não pretende se candidatar para um novo mandato em 2024, independentemente do cenário. Daí, a decisão de buscar novos desafios na política.
Ainda sobre a Câmara, Leônidas entende que se trata de um bom trabalho. O acesso popular está prejudicado por conta das restrições provocadas pela Covid-19. Mesmo nesta situação tem conseguido apreciar matérias de interesse público. A mais relevante delas para este ano é a reforma da Previdência Municipal, que mexe diretamente com a vida dos servidores.
Opina que não há outro caminho, sob pena de inviabilizar pagamentos futuros dos aposentados e comprometer as finanças do município. O tema Previdência é uma preocupação também do prefeito KIQ. Ele lembra que o município tem que fazer aportes em valores que vão pesar nos cofres da cidade.
Sobre relacionamento com o Poder Executivo, o vereador Leônidas não vê problema, já que o prefeito tem maioria confortável, com sete aliados (também se incluiu nesta conta).
Condições – Ainda no âmbito interno, o presidente descarta que haja dificuldades extras por conta da situação atual dos vereadores do PSB, cassados em primeira instância por possíveis irregularidades em relação à cota de mulheres, alegadas em ação movida pelo MDB e PP, reconhecidas pela Justiça Eleitoral em primeira instância.
Os vereadores Mancha da Saúde e Valmir Trossini, afetados pela decisão, estão recorrendo e exercendo os mandatos normalmente até posicionamento judicial em segunda instância. Sem entrar no mérito da decisão judicial, Leônidas avalia que efetivamente ambos foram votados pelos cidadãos em 2020 e estão em condições de exercício dos mandatos.
(Por se tratar de uma longa entrevista, a primeira parte publicada nesta edição trata especificamente da política. Outros temas abordados serão contemplados em matérias futuras.)