No mês em que o Brasil promoveu a 10ª edição da Semana Nacional da Educação Financeira no Brasil, pedagoga mostra razões pelas quais promover o estudo do tema ajuda na conscientização sobre o uso do dinheiro
Entre os dias 15 e 21 de maio de 2023 aconteceu a 10ª edição da Semana Nacional da Educação Financeira no Brasil, uma iniciativa do Fórum Brasileiro de Educação Financeira. O tema envolve diversas instituições do país, entre elas o Ministério da Educação, conforme o decreto federal nº 10.393, de 2020, que institui as Estratégia Nacional de Educação Financeira. O objetivo é conscientizar a população sobre a importância do planejamento financeiro e uma gestão equilibrada das receitas e das despesas no dia a dia. E esse tipo de conscientização começa nas escolas.
Desde 2020, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que é um documento normativo sobre o ensino nas escolas de todo o Brasil, passou a contemplar esse tipo de estudo para a Educação Infantil e o Ensino Fundamental. Isso aconteceu após um parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE), que foi homologado pelo MEC. O ensino sobre a Educação Financeira precisa ser abordado, conforme a BNCC, de forma transversal, em vários projetos e disciplinas.
Conforme explica a pedagoga e diretora da Escola Pedro Apóstolo, Carolina Paschoal, uma das principais consequências de abordar essa questão é entender que por trás de uma simples nota de dinheiro há muitas questões envolvidas. “As crianças e adolescentes precisam compreender o que acontece na cadeia do pagar e receber, saber sobre juros, valores e formar seu pensamento sobre consciência financeira”, explica. A pedagoga lista cinco benefícios da educação financeira para as crianças e adolescentes nas escolas.
Confira:
1 – Estimula o consumo consciente
Assim como qualquer pessoa, crianças e adolescentes têm suas vontades e desejos de consumo. Ao sair com os filhos em uma loja ou supermercado, é comum os pais ou responsáveis ouvirem um bombardeio de pedidos para comprar diferentes produtos, independente se há ou não dinheiro disponível. A educação financeira possibilita que os jovens dessas faixas etárias possam compreender que nem sempre é possível adquirir algum produto e que é necessário elencar prioridades. “Os estudantes entendem a importância de não fazer consumos descontrolados e sem que haja necessidade”, explica Carolina.
2 – Jovem passam a valorizar o salário
Para um adulto, é fácil entender o valor de cada moeda ou nota que circula dentro de casa ou que sai do nosso bolso para comprar um produto e pagar alguma dívida. Por meio das escolas, os alunos também aprendem que os ganhos mensais têm um valor importante e não podem ser desperdiçados. Em outras palavras, conforme explica a pedagoga, os estudantes passam a entender em sala de aula que o dinheiro é obtido por meio do trabalho de cada pessoa e, por isso, precisa ser controlado e valorizado. “Por traz de uma nota de R$ 20 ou R$ 50 que uma pessoa recebe em seu salário mensal, está muita dedicação no dia a dia do trabalho. E isso não pode ser desperdiçado: precisa de planejamento para garantir a qualidade de vida”.
3 – Juros, dólar e inflação: palavras entram rotina dos alunos
Os noticiários de economia, todos os dias, trazem indicadores relacionados a taxas de juros, aumento e queda de preços, alta do dólar, variação nos índices da Bolsa de Valores e nas ações das empresas no mercado financeiro, entre outros termos que podem influenciar, direta ou indiretamente, a vida dos cidadãos. Segundo a pedagoga, a educação financeira nas escolas traz esses conceitos para as salas de aula dentro de projetos e estudos. “Quando os estudantes passam a compreender o efeito desses conceitos em suas vidas, podem entender como os pais ou responsáveis são influenciados por toda a economia do país. Podem inclusive aprender sobre alguns termos que eles talvez encontrem nas redes sociais”, comenta.
4 – Estudantes conseguem fazer planejamentos e investimentos
Após assimilarem a necessidade de consumo consciente e perceberem que muitas variáveis podem interferir nos ganhos mensais de uma pessoa, os alunos podem definir suas prioridades e fazer planejamentos com seu dinheiro: seja para comprar algum objeto que precisem ou mesmo para entender que fazer um investimento futuro pode ser benéfico para sua vida adulta. “Os jovens, mais do que muitas pessoas, têm a mente recheada de sonhos. Ao entender como administrar os ganhos mensais, os alunos têm chance de assimilar que é possível fazer planos conforme aquilo que eles definem como essencial para seu futuro”, diz a pedagoga.
5 – Alunos entendem com reduzir inadimplência
Dentro dos planejamentos que são demonstrados em sala de aula por meio da educação financeira, os jovens compreendem a necessidade de ter as dívidas pagas em dia e evitar a inadimplência. É sempre bom lembrar que o número de famílias endividadas no Brasil é alto: segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) divulgada em fevereiro de 2023, o Brasil possuía, em janeiro deste ano, 78% das famílias endividadas (com contas em atraso ou não). Já o número de inadimplentes (com dívidas em atraso) naquele mês foi de 29,9% do total e 11,6% não teriam condições de saldar suas dívidas. “As crianças e adolescentes levam de casa para a escola situações pelas quais passam. Da mesma forma, levam para as famílias aquilo que aprendem em sala de aula. Por isso, com a educação financeira, há possibilidade de que os alunos influenciem pais e responsáveis a evitar a inadimplência”, comenta Carolina.