JULIO WIZIACK
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BRASÍLIA, DF, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A ANP interditou nesta semana o posto da Shell, onde a maioria dos artistas da Globo abastecem seus veículos quando saem das gravações no Projac, estúdios da TV Globo no Rio de Janeiro.
A agência impediu o funcionamento após os fiscais verificarem que o etanol ali comercializado tinha uma concentração de 81,2% de metanol -concentração mais de 160 vezes acima do limite de 0,5% permitido pela agência reguladora.
Em nota, a Raízen, responsável pela operação da Shell no Brasil, assegura que o produto fornecido está em linha com as especificações da ANP e está apurando os fatos para entender o ocorrido.
“A companhia atua com os mais altos padrões de qualidade e conformidade da indústria e apoia a fiscalização dos órgãos competentes”, diz a companhia.
O metanol é uma substância altamente tóxica que, quando exposta a temperaturas de 12 graus, libera vapores que podem provocar cegueira e até mesmo matar quando inalados.
O posto alvo da fiscalização fica a 500 metros do portão de acesso aos estúdios da Globo e faz parte da rede GTB, responsável por dezenas de postos no estado do Rio.
Outros dois postos da mesma rede tiveram bombas interditadas pelo mesmo motivo, também na terça (13) -um deles também da bandeira Shell e o outro da BR.
A presença de metanol em concentrações bem acima do permitido foi responsável, no ano passado, levou a Raízen a pagar uma multa milionária.
A Vibra (ex-BR) disse que irá notificar e pedir esclarecimentos formais para a rede GTB. A companhia também afirma que os produtos saem das bases de distribuição atendendo requisitos de qualidade determinados pela legislação e acompanhados de boletins de conformidade.
“A Vibra segue acompanhado atentamente os desdobramentos do caso e está à disposição das autoridades competentes no sentido de combater tais práticas, que prejudicam tanto as distribuidoras como os postos que atuam de forma idônea como o consumidor final”, disse a companhia.
Segundo a ANP os três postos serão alvos de processos administrativos sancionadores e podem receber multas que variam entre R$ 5.000 e R$ 5 milhões. As sanções são publicadas somente após o resultado do processo administrativo.
Procurada, a rede GTB não respondeu aos questionamentos da Folha de S.Paulo.