REINALDO SILVA
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O futuro da citricultura no Noroeste do Paraná está em risco. Com o avanço rápido e agressivo do greening sobre os pomares, a preocupação é que dentro de cinco anos as plantações tenham sido dizimadas, pondo fim a uma das principais cadeias produtivas da região – em Paranavaí, por exemplo, responde por 30% do Produto Interno Bruto (PIB).
O cenário motivou produtores, profissionais técnicos, empresários e representantes do poder público a criar um grupo para organizar uma campanha de conscientização e divulgação sobre a doença. O greening ataca todos os tipos de citros e não há curo para plantas doentes. As árvores novas afetadas não chegam a produzir e as adultas em produção sofrem perda prematura de frutas e definham ao longo do tempo.
A formação do gabinete de crise foi anunciada pelo prefeito Carlos Henrique Rossato Gomes (Delegado KIQ) na última terça-feira (13), durante entrevista coletiva à imprensa. Segue o modelo de atuação do Comitê de Operações Especiais (COE) durante a pandemia de Covid-19, responsável por avaliar a situação sanitária e propor medidas para conter a doença.
Neste primeiro momento, os assuntos são tratados em espaço virtual, mas é possível que o grupo organize encontros presenciais.
Na entrevista coletiva de terça-feira, o prefeito KIQ também declarou que proporia atualizações na legislação municipal criada em 2007 com o mesmo propósito de proteger a citricultura. Como agora, naquele ano a contaminação dos pomares pelo greening exigiu medidas enérgicas, sendo a mais significativa a proibição de plantio, comércio, transporte e produção de murtas, plantas que atraem o inseto transmissor, contribuindo para a propagação da doença.
A Procuradoria Geral do Município e as secretarias de Meio Ambiente e Agricultura estão estudando os melhores caminhos para estabelecer dispositivos legais efetivos no combate ao greening.
Alterações na legislação municipal e proposições de novos textos precisam ser avaliadas e aprovadas pela Câmara de Vereadores, parceira na busca por soluções que impeçam o declínio da citricultura em Paranavaí. O presidente Luís Paulo Hurtado disse que o Poder Legislativo está à disposição para contribuir.
Citricultura – Há dois anos, menos de 5% dos pomares comerciais de Paranavaí eram afetados pelo greening, mas a doença bacteriana avançou de maneira preocupante e hoje atinge quase 15%, por isso a grande mobilização de autoridades e lideranças do setor.
Os números do Governo do Estado indicam que os pomares estejam em uma área de aproximadamente 3.600 hectares, mas há estimativas que apontam para mais de 6.000 hectares.
Considerando toda a cadeia produtiva, do campo à indústria, são mais de 3.000 empregos diretos só em Paranavaí e outras centenas de postos de trabalho indireto.
Outros municípios do Noroeste do Paraná têm na citricultura uma das principais atividades econômicas: Nova Esperança, Alto Paraná, Nova Aliança do Ivaí e São João do Caiuá.