*Edmar Lima Cordeiro
Em férias no Crato, e de volta para Paranavaí, no carro em frente à casa de meus pais nos despedimos deles, o Sol já tinha chegado na Serra do Araripe, olhamos o mapa do Brasil e vimos a distância que teríamos de vencer pelas estradas. Nossa proposta de retorno era para visitar algumas capitais do Nordeste.
Naquela manhã saímos direto para Fortaleza, lá residia minha irmã Almery, irmão Ronaldo e muitos parentes do meu pai. Viajávamos numa Belina Ford, comprada para essa viagem. Eu, esposa, dois filhos – André e Vicente – e a amiga Adeline. Em Fortaleza, como estivéssemos em casa, hospedados na casa da irmã, onde passamos três dias, conhecendo pontos turísticos, históricos e praias. Visitamos parentes, conhecendo-os, todos nos recebendo com maior carinho. Sobrinhos do meu pai Antonio
Martins Filho, Reitor e Fundador da Universidade Federal do Ceará que atuou no reconhecimento dos cursos da FAFIPA (hoje Unespar), como membro do Conselho Federal da Educação, quando o prefeito de Paranavaí era Dionísio Assis Dal-Prá. Visitamos outro primo, Fran Martins, festejado doutrinador do Direito Comercial e escritor de vários romances com destaque para “O Cruzeiro Tem Cinco Estrelas”, editado em 1950; “A Rua
e o Mundo”, editado pela Casa de José de Alencar, em 1996, entre outras obras. Ainda, de outro primo também advogado, professor de Finanças Públicas, Claudio Martins, autor da obra “Curso de Orçamento Por Programa “, editado pela UFC em 1972. Constatação e reconhecimento de pessoas de origem simples, tendo sido eles filhos de um celeiro e de mãe sem formação escolar. Um lindo exemplo do que a educação faz para o crescimento humano.
De Fortaleza, fomos para Natal, RGN, lá nossa passagem foi rápida. Conhecemos uma cidade bem traçada com avenidas largas. Tivemos a alegria de comer no restaurante do Lira, um festejado ponto recomendado pelo Guia 4 Rodas da Editora Abril, destacando o cardápio de carne de sol, como excelente, prato este, apreciado pelo Chico Anisio, que por transporte aéreo via Varig recebia no Rio de Janeiro o apreciável prato nordestino, segundo se falava.
Fomos adiante para João Pessoa, na Paraíba, nos hospedamos no Tambaú Hotel, uma bela obra de arquitetura assinada por Sérgio Bernardo. Conhecemos o Farol do Cabo Branco, na Ponta do Seixas, o ponto mais oriental do Brasil.
A seguir fomos para o Recife, a deslumbrante Veneza Brasileira, nos hospedamos em um hotel em Boa Viagem, praia a nossa frente, ficamos três dias conhecendo as igrejas, com destaque para a Igreja de São Francisco, o Teatro Santa Isabel, de arquitetura neoclássica , reconhecido como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Na visita uma orquestra de sopro ensaiava a música amada dos pernambucanos, o frevo, uma espetacular alegria contagiou a todos nós.
Fomos a Olinda, conhecemos o Mercado Popular onde adquirimos peças de artesanato em madeira entalhada que temos até hoje. Lá conhecemos o “Cavaco Chinês”, uma iguaria vendida
por um vendedor que tocava triângulo e cantava “Olha o cavaco chinês”, chamando a atenção dos visitantes compradores.
Encontramos nossas primas que estudavam em Recife e foram nossos cicerones nos pontos turístico e praias da linda capital do Pernambuco.
De lá para Salvador, Bahia, a terra de todos os santos, nos hospedamos em um Convento, ficamos bem localizados dnossa prima Taís foi nossa anfitriã. Conhecemos pontos de tradição turística como: Elevador Lacerda, Baixa do Sapateiro, Igrejas, inclusive assistimos a lavagem das escadarias da Igreja do
Senhor do Bonfim, com toda ritualística da cerimônia. Uma inesquecível experiência religiosa. Farol da Barra, Mercado Popular, Pelourinho, toda riqueza que a capital baiana oferece aos visitantes. Tudo é encantador, seu povo com múltiplas curiosidades desde a religiosidade, da cultura e da culinária.
Seguindo nosso retorno pra casa, passamos pelo Rio de Janeiro, Ponte Rio- Niterói, um monumento da engenharia brasileira. Não ficamos e, só de passagem, direto para o Estado de São Paulo. Na capital houve uma coincidência com nossa passagem. Na marginal dentro da cidade observei que necessitava abastecer o carro, na via com grande movimentação, parei no primeiro posto
de gasolina que apareceu e pedi para abastecer. O frentista nos atendendo, li uma placa que dizia “NÃO RECEBEMOS CHEQUES”. Pedi para o atendente parar o abastecimento porque só tinha cheque. Ele parou, pedi para chamar a gerência ou dono do posto para resolver o abastecimento. Falei com o gerente ou dono que só tinha cheque, era cheque Ouro do Banco do Brasil, que tinha
utilizado como meio de pagamento em toda viagem de ida e volta ao Nordeste e logo aqui em São Paulo acontecer isso e que não tinha outro meio para pagar. O gerente, deu uma volta inspecionando o carro e, talvez lendo a placa, parou e me perguntou: “O Senhor conhece Carlos Bergamini?” Sim, lhe
respondi, conheço o seu pai, senhor João Bergamini, seu irmão Nino Bergamini, são empresários em Paranavaí. Inspecionou novamente o carro e perguntou: “Conhece Anísio Miranda?”, respondi, sim, ele é cunhado da esposa do meu irmão, é funcionário do Banco do Brasil, e morou em Tamboara. O gerente falou para o frentista: “Continua o abastecimento, pode fazer o cheque, eu sou
de Tamboara” (risos). São muito surpreendentes esses eventos, nos leva a refletir.
Seguimos nossa viagem, fomos dormir em Londrina, na casa da cunhada Ivani e do cunhado Otávio Bergonci. De lá para nossa querida Paranavaí, graças sem nenhum perigo em todo percurso de ida e volta. Uma boa experiência que possivelmente não faria hoje, as estradas mais disputadas, o estado emocional do viajante mais sensível, fora a falta de segurança de modo geral.
Mas, quem poder é bom fazer com a família uma viagem dessa, pois cria memória, experiência e achego familiar.