REINALDO SILVA
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Do Canadá ao México, as borboletas-monarcas percorrem aproximadamente 4.000 quilômetros. Voam em grandes grupos para fugir do inverno gelado que facilmente atinge temperaturas abaixo de zero grau. É o maior movimento migratório do mundo entre os seres invertebrados.
Esse fenômeno da natureza inspirou a assistente social Maria da Penha Francisco e a advogada e terapeuta holística Luzimar de Andrade, ambas residentes em Paranavaí. Elas são idealizadoras do projeto “As Monarcas”, cujo objetivo é acolher e apoiar mulheres. Querem mostrar que, da mesma forma que as borboletas, juntas podem vencer os obstáculos do caminho e chegar longe.
“Perguntamos quem são essas mulheres, como vieram até aqui, que dores trazem com elas. Visitamos os traumas e tentamos ajudar a ressignificá-los”, explica Maria da Penha. “Mostramos que é possível transformar o que foi ruim em algo bom, renovar, fortalecer”, complementa Luzimar.
A dinâmica do projeto faz analogia ao processo da metamorfose: da lagarta ao casulo até se transformar em borboleta.
O primeiro passo para completar a mudança é se conhecer; olhar para dentro e descobrir que existe um mundo inteiro de possibilidades que vão além das limitações que a vida impõe. “É preciso se enxergar como dona do próprio destino”, diz Luzimar.
Maria da Penha assegura que o autoconhecimento é fundamental para que cada uma encontre sua melhor versão. “Isso nos permite viver em paz.”
Dinâmicas – Logo que chegam para a tarde de imersão, as mulheres encontram imitações de ostras sobre as mesas. O adereço não é meramente decorativo, mas um artifício utilizado para dizer que a ostra que não foi ferida não produz pérola.
De forma bem resumida, as pérolas são criadas a partir da entrada de uma substância estranha ou indesejável no interior da ostra, como um parasita ou um grão de areia. São feridas cicatrizadas.
Este é o propósito: mostrar que as dores podem, sim, ser transformadas em joias. Metamorfose. Vida nova.
As participantes se apresentam, compartilham histórias, falam da rotina, expõem angústias e medos, revelam sonhos, espalham alegrias. Misturam-se em conversas e comentários que se completam ou destoam em diferentes sentidos. Mas estão ali, juntas, estendendo as mãos e se apoiando.
No lugar de julgamentos, esperança. Em vez de opressão, abraços. Os sorrisos ganham espaço para lembrar que viver vale a pena. Elas valem a pena. Basta acreditar.
“Guardamos sentimentos, dores, mágoas. Este é o momento para sermos verdadeiras”, desabafa a advogada Talita Gueleri. “Nossa melhor versão está dentro de nós mesmas.”
“O autoconhecimento nos ajuda a melhorar cada vez mais”, acrescenta a psicóloga Ana Paulo Gheno.
“E para quem estamos buscando a melhor versão? “Para nós ou para os outros?”, questiona a psicóloga Tatiane Pereira. “Comparamos nossas vidas com o que vemos nas redes sociais e esquecemos que também estamos fazendo o melhor que podemos.”
Apoio – O projeto “As Monarcas” não tem a pretensão de diagnosticar qualquer tipo de transtorno emocional ou psicológico. Trata-se de um grupo de apoio que auxilia mulheres a descobrir formas de superar dificuldades e caminhar em busca da felicidade.
Até agora foram dois encontros, um no dia 27 de maio e outro no último sábado (15). A próxima imersão está prevista para 29 de julho, em Nova Londrina.
As idealizadoras do projeto destacam que a participação é livre para mulheres de toda a região e convidam para serem multiplicadoras da ideia.
No perfil @mdemonarcas no Instagram é possível acompanhar as atividades e as agendas do projeto. Interessadas também podem utilizar a rede social para entrar em contato com as idealizadoras e fazer a inscrição para o próximo evento.